Guarda quer ser Capital Europeia da Cultura para alavancar desenvolvimento local e regional

Na opinião do edil guardense, o Governo “deverá assumir uma posição mais ativa” no apoio às candidaturas, “independentemente de quem ganha”.

A cidade da Guarda é candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027 com o objetivo de “alavancar o desenvolvimento local, regional, nacional e europeu”, disse à agência Lusa o presidente do município.

Segundo Carlos Chaves Monteiro (PSD), a câmara já definiu a estrutura orgânica da candidatura, que tem o arquiteto Pedro Gadanho como diretor executivo, que substituiu o anterior coordenador, o antigo secretário de Estado da Cultura José Amaral Lopes, que no dia 30 de setembro de 2019 apresentou a demissão do cargo.

A Equipa de Projeto é liderada por Pedro Gadanho, o Conselho Estratégico por Urbano Sidoncha, o Conselho Geral pelo presidente da autarquia da Guarda e a Comissão de Honra pela antiga ministra Teresa Gouveia.

A autarquia tenciona apresentar em 2021 uma candidatura vencedora, no seguimento do trabalho liderado por Pedro Gadanho, ex-diretor do MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, e curador do departamento de arquitetura e ‘design’ do MOMA – Museum of Modern Art, em Nova Iorque.

Para que tal aconteça, Carlos Chaves Monteiro vaticina que é preciso apostar em meios e pessoas e ter o pensamento e o conhecimento sustentado “em ações, em eventos, em iniciativas, atividades”, com a envolvência “das diversas associações e instituições da região”.

“Para, dia a dia, semana a semana, mês a mês, termos, de facto, ações novas, inovadoras, intensificadas exatamente naquilo que é a concretização desses objetivos finais da candidatura, que é alavancar o desenvolvimento local, regional, nacional e europeu”, explicou.

O autarca referiu que a candidatura da Guarda irá avançar com temas e ações “muito abrangentes”, dando destaque à cooperação transfronteiriça e à diáspora, sem esquecer a ligação com os municípios da região envolvidos no processo.

Este ano, a autarquia colocou em orçamento uma verba de cerca de meio milhão de euros para gastos com a candidatura, mas o autarca defende que o Governo deve assumir responsabilidades no apoio às cidades que são candidatas a Capital Europeia da Cultura.

Na opinião de Carlos Chaves Monteiro, o Governo “deverá assumir uma posição mais ativa” no apoio às candidaturas, “independentemente de quem ganha”.

“O facto de estarmos [a Câmara Municipal da Guarda] a concorrer e de sermos candidatos, já é uma vitória em si, mas nós temos a ambição de querer ganhar, como as outras cidades têm também esse objetivo. E, para isso, é preciso dotar estas estruturas, estas cidades, de meios financeiros que, por vezes, não são fáceis de alcançar”, justificou.

Tal como a União Europeia valoriza “candidaturas que tenham subjacentes territórios depauperados”, também o Governo deve ter em conta “essas dificuldades”, defende.

“E, com isso, preparar uma equidade e uma igualdade naquilo que é a preparação das candidaturas das diversas cidades, independentemente do maior ou menor potencial económico”, acrescentou Carlos Chaves Monteiro.

A candidatura da Guarda envolve 17 municípios da região e é “fundamental” preparar “uma contribuição” financeira dos mesmos, porque muitos projetos também serão desenvolvidos no seu território, concluiu.

Portugal vai acolher em 2027 a Capital Europeia da Cultura, juntamente com uma cidade da Letónia.

Os dois países selecionados são responsáveis pela organização do concurso entre as suas cidades, devendo para isso publicar um convite à apresentação de candidaturas com seis anos de antecedência.

Após a apresentação de candidaturas, que devem focar-se na criação de um programa cultural com dimensão europeia, caberá a cada Estado-membro convocar um júri para uma pré-seleção das cidades candidatas, isto até cinco anos antes.

A decisão final será dos países, devendo ser tomada até quatro anos antes do título.

Além da Guarda, já anunciaram que vão apresentar uma candidatura as cidades de Leiria, Faro, Viana do Castelo, Coimbra, Évora, Braga, Aveiro e Oeiras.

Portugal já recebeu a Capital Europeia da Cultura em três ocasiões: 1994 (Lisboa), 2001 (Porto) e 2012 (Guimarães).


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