"Girabolhos é uma história traumática" diz o Presidente da Endesa Portugal

Girabolhos, no rio Mondego, integrava um conjunto de 10 novas barragens do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico.

O presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, afirmou ontem que “Girabolhos é uma história triste e traumática”, adiantando que a empresa não reclamou ao Estado os 60 milhões que tinha investido na construção da barragem.

Girabolhos, no rio Mondego, em Seia, integrava um conjunto de 10 novas barragens do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico, lançadas pelo governo de José Sócrates, mas a sua construção foi cancelada em 2016, quando já tinha sido concessionada.

Em audição na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade, Nuno Ribeiro da Silva explicou que a referência, no Programa do Governo de António Costa, a uma alteração dos termos do contrato da barragem “foi fatal” junto da banca e dos analistas, e levou o grupo a suspender o projeto, um investimento de cerca de 500 milhões de euros.

“Pelo menos significava uma alteração dos termos do contrato e a decisão do grupo, que me transcende, foi de imediatamente suspender o projeto, limitar o risco, e aceitar a perda de 60 milhões de euros que já tinha investido”, afirmou o presidente da Endesa Portugal.

Nuno Ribeiro da Silva considerou que “Girabolhos é uma história triste e traumática”, e que foi “muito frustrante” sobretudo quando “nunca teve qualquer problema ambiental, nem de património arqueológico, histórico ou o que fosse”.

De acordo com o gestor, a empresa já tinha iniciado as expropriações, comprado terrenos, num investimento de cerca de 60 milhões de euros, mas preferiu “travar a fundo”, e perder o que tinha investido.

“Entregámos os terrenos ao Estado, não reclamámos nada, mas conseguimos afastar analistas a perguntar se continuamos empenhados em gastar mais. Esta saiu muito cara infelizmente, com mais pena enquanto português e cidadão, sobretudo porque sei que aquela região é tradicionalmente carente de água”, acrescentou.

O presidente da Endesa Portugal realçou que os municípios abrangidos – Mangualde, Seia, Gouveia e Nelas – defendiam o projeto. “Acabou por ser uma separação de marido e mulher que ainda gostam um do outro”, lançou.

Em abril de 2016, o Governo anunciou o cancelamento da construção das barragens do Alvito, no rio Tejo, que abrange os concelhos de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão, e de Girabolhos, no rio Mondego, enquanto a construção da barragem do Fridão, no rio Tâmega, no concelho de Amarante, foi suspensa por três anos.


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