Famílias monoparentais aumentaram para o dobro de 1991 a 2011

Um projeto da Universidade de Coimbra que analisou a saúde da população entre 1991 e 2011 identificou “sinais de alerta”, como o aumento para o dobro de famílias monoparentais, bem como um incremento de nados-vivos com baixo peso.

O projeto GeoHealthS, coordenado pela professora catedrática Paula Santana, do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra (CEGOTUC), desenvolveu o Índice de Saúde da População (INES) – uma medida que agrega resultados em saúde e determinantes em saúde, contando com 43 critérios de avaliação de saúde da população aplicados nos 278 municípios de Portugal Continental.

O estudo, a que a agência Lusa teve acesso, conclui que houve um aumento de mais do dobro de famílias monoparentais entre 1991 e 2011, passando de uma média de 6,1% para 12,6%, tendo incrementado “em quase todos os municípios” do território continental.

“Os maiores aumentos registam-se em municípios localizados no Sul do país, sendo que mais de metade [53%] integra a região do Alentejo”, com concelhos em Portugal a registar uma proporção de famílias monoparentais superior a 15,5%.

Segundo o projeto de investigação coordenado por Paula Santana, a monoparentalidade “encontra-se associada a maior risco de privação de pobreza, principalmente nas mulheres”, havendo vários estudos que indicam um risco acrescido para a criança ao nível da saúde mental.

O projeto, que identificou uma melhoria generalizada do valor global de saúde, registou também um aumento da proporção de nados vivos com peso inferior a 2.500 gramas para um tempo de gestação superior a 37 semanas, passando de uma média 2,9% entre 1989 a 1993, para 3,4% entre 2007 e 2011.

Também se registou um aumento dos nados vivos prematuros (com menos de 37 semanas de gestação), entre 1999 a 2003 (6,5%) e 2007 a 2011 (8,7%), apesar de se ter registado uma descida quando comparada com o intervalo de tempo de 1989 a 1993 (9,5%).

A diretora de Pediatria do Hospital Santa Maria e membro da equipa do projeto, Maria do Céu Machado, considera que este aumento de nados vivos com baixo peso pode estar associado ao aumento de fumadoras entre os 15 e 24 anos, ao adiamento da gravidez (que também influencia a prematuridade), bem como à crise, que leva “a malnutrição materna, mas também ao aumento do tabagismo, alcoolismo e stress”.

Também a prevalência de excesso de peso e obesidade na população com mais de 20 anos constitui um alerta, tendo aumentado de 48,5% em 1995/1996 para 54,3% em 2005/2006, com o incremento da prevalência de excesso de peso a ser “mais expressivo” no norte do país.

Portugal também tem hoje mais idosos a viverem sozinhos

De 18,9% dos idosos a viverem sozinhos em 1991, Portugal passou a ter 20,1% nessa situação em 2011, com o valor máximo registado num município a chegar a mais de um quarto da população idosa (26,9%).

Também a criminalidade aumentou em quase todos os municípios de Portugal Continental (78,5%) e mais de metade dos concelhos (52%) registou um aumento do suicídio nos 20 anos analisados.

O projeto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e contou com a participação de 16 entidades da administração central, regional e do ensino superior.


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