DGS cria ‘task force’ para acompanhar surto mundial de hepatite aguda em crianças

Esta ‘task force’ terá como missão “o acompanhamento e atualização da situação internacional, a avaliação de risco a nível nacional e a elaboração de orientações técnicas para a deteção precoce de eventuais casos que venham a ser identificados no país”.

A Direção-Geral da Saúde criou uma ‘task force’ de “acompanhamento e atualização” do surto mundial de hepatite aguda em crianças, divulgou hoje a autoridade de saúde, acrescentando que o caso suspeito em Portugal tem um diagnóstico de gripe A.

Esta ‘task force’ terá como missão “o acompanhamento e atualização da situação internacional, a avaliação de risco a nível nacional e a elaboração de orientações técnicas para a deteção precoce de eventuais casos que venham a ser identificados no país”, referiu a Direção-Geral da Saúde (DGS) em comunicado.

No contexto do surto internacional de “hepatite de etiologia desconhecida”, a DGS constituiu uma ‘task force’ em articulação com o Programa Nacional para as Hepatites Virais e com a Sociedade Portuguesa de Pediatria.

Como medidas contra este surto, a DGS recomenda a higienização das mãos e a etiqueta respiratória.

A autoridade de saúde adiantou ainda que em Portugal foi avaliada uma situação de hepatite aguda numa criança, “com evolução muito favorável, cujo quadro clínico e analítico não apresenta o perfil das hepatites de causa desconhecida descrito em alguns países”.

“A situação continua a ser avaliada. Entretanto, a criança tem um diagnóstico de gripe do subtipo A”, refere a DGS em comunicado.

O presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João, no Porto, tinha divulgado hoje que a criança internada com sintomas “suspeitos” de hepatite aguda estava a ser avaliada.

Fernando Araújo adiantou ainda que apesar da suspeita “não se prevê que [a criança internada no Hospital de São João] seja um caso confirmado nesse sentido”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu até agora relatos de 169 casos desta hepatite aguda provenientes de 12 países e em sete casos – um em cada dez – o quadro clínico exigiu um transplante hepático nas crianças.

Sobre relatos de uma possível ligação a um adenovírus, Philippa Easterbrook, especialista da OMS, reconheceu que é uma hipótese que está a ser estudada, uma vez que foi detetada em 74 dos 169 casos.

Os adenovírus são um grupo de vírus muito comuns que são transmitidos entre pessoas e que muitas vezes causam infeções do sistema respiratório e digestivo, particularmente em crianças.

Os afetados têm entre um mês e 16 anos de idade, sofrendo de sintomas como dor abdominal, diarreia, vómitos, amarelamento da pele e têm um alto nível de enzimas hepáticas.

Já o Centro Europeu de Controlo e Prevenção das Doenças (ECDC) apelou hoje às autoridades de saúde nacionais para efetuarem uma rápida vigilância dos casos de hepatite aguda em crianças, reconhecendo que as suas causas continuam por determinar.

A OMS disse também hoje que não encontrou uma relação entre os casos de hepatite aguda em crianças e a vacina contra a covid-19 ou o consumo de algum tipo de alimento ou medicamentos.

“As causas permanecem sob investigação profunda. Estamos a analisar uma série de fatores subjacentes, infecciosos e não infecciosos, que podem estar a causar os casos” de hepatite cuja origem ainda é desconhecida, disse Philippa Easterbrook.

A especialista adiantou que, com base no que foi observado, a presença dos vírus que causam os diferentes tipos de hepatite conhecida (A, B, C, D ou E) está excluída, bem como as bactérias que causam gastroenterite em crianças.


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