O hospital da Guarda respondeu com sucesso à pandemia da covid-19 e atravessa um período de acalmia, que permite repor serviços nos locais originais e reduzir a área de internamento de 110 para 40 camas.
“Eu acho que respondemos às solicitações. Nós tínhamos visto o que tinha acontecido noutros países, nomeadamente em Itália e em Espanha. Num tempo muito curto, reestruturámos o hospital e preparámo-nos para a chegada da covid-19, e acho que conseguimos atingir os objetivos, que era ter capacidade de resposta”, disse hoje à agência Lusa Luís Ferreira, diretor do serviço de pneumologia do Hospital Sousa Martins (HSM) e coordenador da equipa multidisciplinar para a covid-19 na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda.
Segundo o responsável, o hospital “teve sempre” capacidade de resposta, “quer a nível de internamento, quer a nível de cuidados intensivos”.
“E acho que, nesta primeira fase, a nossa missão foi cumprida com sucesso, na medida em que nunca houve nenhuma falha que nos possa ser atribuída de alguma dificuldade de assistência. Isso não aconteceu”, declarou.
Luís Ferreira reconhece que a existência do novo bloco do HSM, inaugurado em junho de 2014, “foi uma mais-valia enorme” para o trabalho realizado no hospital da Guarda que, no início de março, foi ativado como unidade de segunda linha para contenção da infeção pelo coronavírus.
“Porque nós conseguimos ter uma área covid e uma área não covid completamente separada, conseguimos ter dois blocos operatórios completamente autónomos, conseguimos ter duas unidades de cuidados intensivos e, se não fosse esta estrutura, nós nunca conseguíamos fazer isso.
E mesmo a definição dos circuitos, haver corredores separados para doentes não covid e doentes covid, se não houvesse esta estrutura isso era impossível de fazer, era muito difícil de fazer”, justificou o responsável.
O HSM foi preparado para ter uma capacidade de 110 camas para doentes covid, incluindo 12 camas de cuidados intensivos mas, com o abrandamento de casos infetados, reduziu a lotação do internamento para 40 camas.
“Neste momento, temos quatro internados e já não temos nenhum nos cuidados intensivos. Estamos numa fase residual comparativamente aos 40 que chegámos a ter internados em simultâneo”, disse Luís Ferreira.
Como no início da pandemia o HSM reorganizou os serviços para responder às necessidades, alguns setores estão agora a retomar aos seus locais de origem, o que já aconteceu com as áreas da pneumologia e da ortopedia.
“Lentamente, vamos regressando, vamos diminuindo a área covid e vamos reafetando os profissionais de saúde” aos serviços de origem, rematou o coordenador da equipa multidisciplinar para a covid-19 na ULS da Guarda.
A presidente do Conselho de Administração da ULS, Isabel Coelho, referiu à Lusa que “os últimos três meses foram um grande desafio para todos os profissionais” da instituição.
“Foram dias muito intensos, mas nos quais contámos com uma disponibilidade total por parte de todos os funcionários e colaboradores.
Em menos de uma semana transformámos um hospital em dois: um covid e outro não covid. Claro que isto só foi possível graças ao trabalho de todos e porque dispúnhamos de algum espaço livre, no designado Pavilhão Cinco”, explicou.