A GNR está a vigiar diariamente as doze fronteiras secundárias existentes no distrito da Guarda, ao longo de 100 quilómetros, que permanecem fechadas no âmbito das medidas do Governo para combate à pandemia da covid-19.
Com a reposição do controlo de pessoas nas fronteiras, como aconteceu em março de 2020, a circulação entre os dois países está limitada, em pontos de passagem autorizados, a transporte de mercadorias, trabalho, e veículos de emergência e socorro e serviço de urgência.
No distrito da Guarda, nos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida e Sabugal, existem doze fronteiras, que estão temporariamente encerradas, mas que são vigiadas diariamente pela GNR e pela Guardia Civil de Espanha, como constatou a agência Lusa durante o acompanhamento de uma ação.
O trabalho de uma das patrulhas da GNR que faz a vigilância das fronteiras secundárias começou na terça-feira, pelas 08h15, na zona de Figueira de Castelo Rodrigo, onde, na linha de fronteira, um camião fez a recolha de leite de produtores locais.
“O que se verifica nesse ponto é a passagem tão só do produto, que é o leite”, explicou à agência Lusa o capitão Rodrigo Duarte, comandante do Destacamento Territorial da GNR de Vilar Formoso.
A operação, realizada duas vezes por semana, está autorizada e é sempre acompanhada pela GNR “que vistoria o transvase do leite”, contou.
Mais para sul, no concelho do Sabugal, na fronteira de Batocas-Almedilha, as patrulhas da GNR e da Guardia Civil encontraram-se no local, pela mesma hora.
“Nestes locais, [os militares] verificam se efetivamente está a haver passagem, ou não, de pessoas – a qual não está permitida – e também verificam se as barreiras físicas que foram colocadas, por algum motivo foram retiradas ou removidas”, explicou o capitão da GNR.
Segundo o oficial, até ao momento a GNR teve registo de uma situação em que as barreiras físicas (blocos de cimento ou gradeamento) “foram desviadas”, mas, no imediato, “foram repostas” e não foram registados novos casos de “tentativas de forçar o movimento desses blocos”.
Na aldeia de Batocas, localidade que pertence à Freguesia de Aldeia da Ribeira, Sabugal, onde residem 40 pessoas, os habitantes queixam-se que o fecho de fronteiras acabou com o movimento de portugueses e de espanhóis que costumavam circular em ambos os sentidos.
“Agora não passa ninguém. Está isto tudo morto. Espero que a pandemia passe rápido, porque está muito mau para todos”, disse à Lusa Maria Lopes, de 73 anos.
Outra habitante, que não quis identificar-se, lamentou a situação e disse que o fecho da fronteira “faz lembrar outros tempos”, quando a circulação entre os dois países estava limitada e proliferava o contrabando.
No concelho do Sabugal existem seis fronteiras secundárias: Batocas-Almedilha, Lajeosa da Raia-Navasfrías, Aldeia do Bispo-Navasfrías, Foios-Navasfrías, Forcalhos/Casillas de Flores e Aldeia da Ponte-La Alberguería de Argañán.
No município de Almeida estão fechadas as fronteiras de Vale da Mula-Aldea del Obispo, São Pedro do Rio Seco-La Alameda de Gardón, Vale de Coelha-Aldeia del Obispo e a antiga fronteira Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro.
Barca D’Alva-La Fregeneda e Escarigo-Labouza são as duas passagens de ligação com Espanha existentes no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.
De acordo com o Ministério da Administração Interna, ao longo da fronteira, são sete os pontos de passagem autorizados que funcionam 24 horas por dia ao longo de toda a semana: Valença, Vila Verde da Raia, Quintanilha, Vilar Formoso, Caia, Vila Verde de Ficalho e Castro Marim.