O presidente da Câmara Municipal da Guarda disse hoje que a demissão de José Amaral Lopes da equipa que prepara a candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura, em 2027, não fragiliza o processo.
O antigo secretário de Estado da Cultura José Amaral Lopes disse hoje à agência Lusa que apresentou a demissão, na segunda-feira, por não existirem condições para continuar a fazer parte da equipa da candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura.
“Não é por o doutor José Amaral Lopes apresentar esta demissão que nós, município, sentiremos, de alguma forma, alguma fragilidade no processo, porque é um projeto de equipa, é um projeto de 17 municípios, liderados pela Guarda, que envolve três universidades, mas também vários cientistas e investigadores na comissão executiva”, disse hoje Carlos Chaves Monteiro (PSD), em conferência de imprensa.
O demissionário, que foi apresentado em 2018 pela autarquia, como sendo o coordenador executivo da comissão que iria elaborar o processo de candidatura, a apresentar em 2021, apresentou a demissão alegando não ter condições para continuar nas funções.
“Desde outubro de 2018, há um conjunto de propostas que não tiveram resposta nenhuma [da autarquia]”, disse à Lusa.
Segundo o responsável, a Câmara Municipal da Guarda, “não respondendo às propostas, não permitia que nada se desenvolvesse”.
“Não saio magoado, saio surpreendido”, declarou, referindo que no exercício das diversas funções públicas que já desempenhou, nunca lhe aconteceu algo idêntico.
Com a demissão do ex-governante e conselheiro na área da Cultura da União Europeia, o presidente da autarquia da Guarda considera que “nada se perdeu” no projeto de candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura.
“Reconhecemos o seu valor naquilo que é a sua capacidade profissional e também o trabalho que foi realizando ao longo deste ano e meio, mas [a] verdade [é] que era preciso ir mais além”, afirmou Carlos Chaves Monteiro.
O autarca referiu ainda que, “por morrer uma andorinha, não acaba a primavera”, explicando que o demissionário era um dos sete elementos da comissão, que fica agora com seis.
“Nós reconhecemos valor à andorinha, mas a primavera, a estrutura, a Guarda está acima das pessoas”, disse.
Carlos Chaves Monteiro explicou que o vereador da cultura, Victor Amaral, que recentemente assumiu as funções a tempo inteiro, vai estar com esses seis elementos, “permanentemente”, para que seja dada “força” à candidatura.
“Caindo um [elemento da comissão que elabora a candidatura] não [se] põem em causa os alicerces do edifício que nós queremos erguer”, acrescentou.
Em sua opinião, “a Guarda mantém toda a capacidade, toda a estrutura, toda a riqueza necessária para fundamentar” a candidatura a Capital Europeia da Cultura.
O Parlamento Europeu aprovou a 13 de junho de 2017 a lista dos Estados-membros que vão acolher as capitais europeias da cultura entre 2020 e 2033, que prevê que uma cidade portuguesa seja capital em 2027, juntamente com uma localidade da Letónia.