Capitalização das empresas e novo aeroporto são necessidades apontadas pelo setor turístico

“Depois dos dois anos de pandemia, os destinos do turismo religioso começam a recuperar” e o setor, globalmente, já registou em abril um crescimento de 1% relativamente ao mesmo mês de 2019.

A capitalização das empresas turísticas, descapitalizadas após dois anos de pandemia, e a construção de um novo aeroporto de Lisboa foram hoje apontados pelo presidente da Confederação do Turismo de Portugal como desafios com que o setor se confronta.

Lamentando que “há 50 anos” se ande a falar em Portugal na construção de um novo aeroporto, Francisco Calheiros, que falava na sessão de abertura dos X Workshops Internacionais de Turismo Religioso, a decorrer em Fátima, acrescentou ainda a necessidade da “urgente resolução dos problemas no SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras] que se têm verificado no aeroporto de Lisboa”, de forma a eliminar os elevados tempos de espera que têm afetado os turistas à chegada a Portugal.

Apesar destes problemas, a que se soma a “escassez de mão-de-obra” no setor do turismo, Francisco Calheiros, perante mais de uma centena de agentes turísticos de dezenas de países, mostrou-se “otimista de que o verão de 2022 vai ultrapassar os números do verão de 2019”.

“Depois dos dois anos de pandemia, os destinos do turismo religioso começam a recuperar” e o setor, globalmente, já registou em abril um crescimento de 1% relativamente ao mesmo mês de 2019.

Os problemas identificados por Francisco Calheiros foram, ao longo da manhã, repetidos por outros intervenientes na sessão, nomeadamente Alexandre Marto, da Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal, que somou ainda a dificuldade que “alguns mercados têm em arrancar, nomeadamente o brasileiro e os asiáticos, em particular o sul-coreano”, de grande importância para Fátima.

Já Jorge Brandão, do Programa Operacional Centro 2020, esta “é uma altura extremamente desafiante”, sendo necessária a aposta, nos próximos anos, em duas vertentes: “na dimensão do conhecimento e da inovação e em novos modos de criar valor associados aos recursos do território”.

“Aqui, o turismo tem uma palavra muito importante pela sua capacidade de “mobilizar as regiões e os agentes económicos”, sendo de destacar “a capacidade de atração do turismo religioso”, sublinhou Jorge Brandão.

Presente nesta sessão em Fátima, a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, disse estar “bem ciente de que o setor abarca muitos desafios” atualmente, como os elencados pelos diferentes oradores, reconhecendo que os mesmos “suscitam especial preocupação, mas também especial ação”.

“Trabalho todos os dias para tentar ultrapassar os desafios”, disse Rita Marques, acrescentando que “o turismo traz vida, regenera territórios”, mas tem uma “missão maior: o turismo pode regenerar a humanidade”.

E deixou um conselho concreto: “acolher bem quem nos visita, com respeito pela diferença”.

Os Workhops Internacionais de Turismo Religioso, organizados pela Associação Empresarial Ourém-Fátima (ACISO), são considerados uma “referência mundial para o ‘trade’ do turismo religioso”, como fez questão de realçar a presidente daquela estrutura associativa.

Purificação Reis, evocou os dez anos dos Workshops, “que se foram reinventando”, e destacou que, desde o seu início, já receberam profissionais de 61 diferentes nacionalidades.

Para assinalar os dez anos de realização do evento foi oferecida ao Santuário de Fátima uma imagem de Nossa Senhora de Fátima coberta com “o manto da esperança”, confecionado em burel por uma empresa de Manteigas, e que tem bordados pombas e as bandeiras dos 61 países.

O certame, apontado como um dos mais relevantes encontros mundiais de profissionais de turismo religioso, teve em 2021 uma edição apenas no formato online, devido às contingências decorrentes da pandemia de covid-19.

Este ano, hoje e sexta-feira, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, os empresários do setor podem reunir-se de forma presencial, estando também prevista a participação virtual para os que não possam estar presentes na Cova da Iria.

Os Workshops Internacionais de Turismo Religioso “têm como objetivos promover uma bolsa de contactos de negócio entre os participantes, promover internacionalmente Portugal enquanto destino privilegiado de Turismo Religioso e reforçar a importância do Turismo Religioso no contexto do setor turístico mundial”, adiantou a organização.

Entretanto, uma delegação da Jordânia está a participar nos Workshops, apresentando este país árabe, que este ano é o convidado para o encontro.

A ACISO conta na organização com a colaboração das câmaras municipais de Ourém e da Guarda e do Santuário de Fátima.

Em paralelo ao programa principal, terão lugar workshops sobre a “Herança Judaica”, na Guarda, e “Experiências turísticas em Fátima e na Região”.


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