ANEPC admite "dia muito complicado" para travar fogo na Serra da Estrela

O vento forte e a baixa humidade preocupam as autoridades, que durante a noite tiveram de lidar com três novas ignições que ameaçaram um maior descontrolo das chamas.


As autoridades da Proteção Civil preveem um dia complicado para tentar controlar o incêndio na Serra da Estrela, a deflagrar desde o dia 6 de agosto e que sofreu um reacendimento na noite de segunda-feira,

Em conferência de imprensa, o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, contou que esta terça-feira será “um dia muito complicado, um dia de muito trabalho, para garantir que o incêndio não cresce e não afete mais área do que já afetou”.

“Vai ser um dia e uma noite de trabalho, para conseguir dar o incêndio como estabilizado”, afirmou o comandante.

O incêndio na Serra da Estrela, que já consumiu floresta nos concelhos da Covilhã, de Manteigas e da Guarda, é um dos maiores fogos florestais do ano, queimando mais de 14 mil hectares e obrigando à evacuação de algumas aldeias na linha do fogo.

André Fernandes corrigiu que a noite anterior não viu um “reacendimento”, mas sim “três ignições em simultâneo”, não querendo comentar sobre as sugestões de que terá havido mão criminosa. “As causas destas novas ignições irão ser depois apuradas”, garante.

Ainda assim, o comandante felicita os esforços de todos os operacionais presentes na Serra da Estrela que, depois de uma noite “muito complicada”, foi garantida “a integridade física dos bombeiros e dos civis e conseguiu-se reduzir o potencial de área ardida”. Além disso, a noite permitiu que fossem criadas faixas de contenção e aproveitados terrenos agrícolas para “conseguir estabilizar a progressão do incêndio”.

Sobre a descrição do fogo em si, André Fernandes fala de um incêndio “bastante partido, com várias frentes, porque a orografia assim o determina”.

“É um incêndio que tem uma área já considerável, extensa, portanto, temos de garantir que haja meios no terreno que vão validando as necessidades da operação. À medida que diferentes frentes são dominadas, estas entram em fase de rescaldo e é importante garantir que o rescaldo esteja bem feito e que o incêndio fique estabilizado. Não é um incêndio que fique mais perigoso, é complexo na sua generalidade, é mais difícil de combater e é necessário garantir um maior acompanhamento, que foi aquilo que foi feito”, explica a autoridade.

Para esta terça-feira, as condições meteorológicas previstas (e que já se começam a confirmar) “mantêm-se desfavoráveis às operações de combate, nomeadamente com vento forte e humidade relativa do ar baixa”.

Segundo os dados apontados pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), estão mobilizados no terreno mais de 1.100 operacionais, com 21 grupos de reforço dos corpos de bombeiros e operacionais de uma série de outros operacionais, além de 331 meios terrestres e 13 meios aéreos.

Quanto ao impacto do fogo na população, não houve atualização no número de feridos resultantes do incêndio, registando-se 19 feridos ligeiros, três feridos graves (sem nenhum estar em perigo de vida) e 25 assistidos no teatro de operações. A nível habitacional, foram deslocadas 45 pessoas das suas casas. Ficaram danificadas duas habitações, uma de primeira habitação e outra de segunda habitação, na freguesia de Vale Formoso, no concelho da Covilhã.


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