Serra da Estrela reivindica meios mecânicos para acesso à torre

“A solução dos meios mecânicos tem de ser levada em consideração porque é a que melhor resposta pode dar e é também a que reúne mais vontades”, sublinhou o edil de Seia.

Autarcas, empresários, operadores turísticos e outros intervenientes defenderam hoje a necessidade de se criar uma alternativa aos acessos rodoviários para o maciço central da Serra da Estrela, designadamente com a aposta em meios mecânicos, como as telecabines ou os teleféricos.
A reivindicação foi apresentada durante o debate hoje organizado pela Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) com o objetivo de analisar a problemática dos acessos à Torre.
O debate reuniu vários políticos e representantes de entidades relacionadas com a Serra da Estrela e, no que aos acessos diz respeito, incidiu muito sobre a problemática do encerramento das estradas na época de inverno.
Sublinhando que nunca deve ser posta em causa a segurança e que a Serra da Estrela tem efetivamente particularidades a ter em conta, nomeadamente a proximidade da costa Atlântica que faz com que a neve gele mais rapidamente, os autarcas também defenderam que se deve apostar no projeto das telecabines para resolver esse problema.
“A solução dos meios mecânicos tem de ser levada em consideração porque é a que melhor resposta pode dar e é também a que reúne mais vontades”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Seia, Filipe Camelo.
Uma opinião partilhada pelos presidentes das Câmaras da Covilhã e de Manteigas, Vítor Pereira e José Manuel Biscaia, respetivamente, que lembraram o facto de esta ser também a solução mais amiga do ambiente.
Vítor Pereira lembrou, aliás, que esse projeto permitiria reduzir significativamente o número de veículos que anualmente atravessam a Serra da Estrela: cerca de 290 mil que são responsáveis por a emissão de uma média de 1.78 de Co2.
Segundo sublinhou, tal permitiria também reduzir as mais de mil toneladas de sal usadas anualmente na limpeza e desbloqueamento das estradas e cujo impacto ambiental também é significativo, nomeadamente para os cursos de água.
Indo ao encontro da opinião dos autarcas, a Turistrela – empresa concessionária do Turismo da Serra da Estrela – aproveitou para apresentar um projeto de mobilidade que já tem delineado e que prevê exatamente a implementação de três telecabines que, partindo de diferentes zonas, permitiriam a ligação à Torre.
O projeto, que em termos globais ultrapassará um investimento de cerca de 35 milhões de euros (a realizar faseadamente), prevê uma telecabine na zona do Covão do Ferro (perto da Nave de Santo António), outra na zona da Lagoa Comprida e outra a partir de Alvoco da Serra.
“Este não é um projeto fechado, pode ainda acolher outros contributos e parcerias que nos ajudem a potenciar esta mais-valia que é a Serra da Estrela”, sublinhou o administrador da Turistrela, Artur Costa Pais.
Em declarações à Lusa, este responsável garantiu que a questão do financiamento não é o maior entrave ao projeto, já que poderá ser garantido com capitais próprios, parcerias e recurso a fundos estruturais.
Em contrapartida, assumiu preocupação no que concerne às “questões administrativas”.
Segundo referiu, nas abordagens informais que têm sido realizadas, o “feedback” que tem obtido por parte do Parque Natural da Serra da Estrela não tem sido o mais positivo.
Ainda assim, o projeto já foi apresentado à tutela em duas reuniões e nos próximos dias voltará a ser analisada, numa reunião que já está agendada com a Secretaria de Estado do Ordenamento do Território, segundo disse o presidente da Câmara da Covilhã.
Para o Governo, serão ainda encaminhadas outras reivindicações, como a da concretização do IC6, IC7 e IC37 ou até da construção dos túneis da Serra da Estrela, questões que, todavia, já não reúnem unanimidade junto dos autarcas.
Referindo que sempre foi adepto da solução dos túneis, a qual considera ser a mais barata, o presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, alertou para o risco de as revindicações rodoviárias em causa não serem acolhidas por excesso.
“A determinada altura, no primeiro governo de José Sócrates falou-se disso (…). Disse muitas vezes ‘ não, não’. Três é muito, é caro e nem é preciso. Conclusão, não temos nenhum porque queríamos os três”, disse.
Alguns intervenientes também abordaram a necessidade de se criarem mais bolsas de estacionamento e zonas de inversão de marcha, bem como de haver um reforço dos meios do centro de Limpeza de Neve com vista à agilização da limpeza das estradas.
Presente no debate, o responsável pelas relações institucionais da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Rodrigues rejeitou as críticas respeitantes à demora da reabertura das estradas e garantiu que nem com o dobro dos meios se conseguiria melhorar a eficiência, devido às características da neve da Serra da Estrela.
Este responsável adiantou ainda que os custos Operacionais do Centro de Limpeza de Neve são de cerca de 500 mil euros anuais e relembrou que a questão a segurança é o que mais pesa na hora em que se decide abrir ou fechar a estrada.
Defendeu que “mais importante do que subir é descer” e que a IP continuará a trabalhar para que as estradas da Serra da Estrela se mantenham entre as vias nacionais que registam menos sinistralidade.

Conteúdo Recomendado