O vice-presidente da Câmara de Fornos de Algodres, Alexandre Lote, e o presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), Luís Tadeu, concordam com a construção da barragem da Cabeça Alta, no município de Celorico da Beira.
“A nossa opinião, relativamente a essa matéria, é que tudo o que sejam represas de água para a região são sempre bem-vindas”, declarou o autarca de Fornos de Algodres.
Em declarações à agência Lusa, Alexandre Lote sublinhou, no entanto, que “a prioridade imediata do município de Fornos de Algodres está claramente identificada, que é o desassoreamento do rio Mondego na zona da praia fluvial da ponte de Juncais, perto da captação de abastecimento de água para o concelho”.
Outra prioridade está relacionada com a requalificação de todos os açudes existentes no concelho, por considerar que “será fundamental” para que haja mais água disponível e para evitar “que haja tantas descargas na barragem do Caldeirão”.
Já o presidente da CIMBSE considerou que a proposta da Câmara da Guarda para construção da barragem da Cabeça Alta tem “todo o cabimento” e que é “algo que já se arrasta no tempo”.
“O país tem que se consciencializar que não é com campanhas de poupança de água e com o revogar do uso da água por parte das pessoas que resolvemos o problema. É com a questão do represamento da água, quer para abastecimento às populações, quer para abastecimento de água para regadios, para a agricultura no geral e para os animais”, defendeu Luís Tadeu.
Questionado sobre se a CIMBSE vai fazer alguns estudos sobre a construção de barragens no território, lembrou que “já há estudos feitos e, portanto, quanto muito, poderá haver alguma atualização e, infelizmente, vai ser dos valores”.
“Há situações que estão a ser preparadas pelos próprios municípios” e, “no devido tempo”, a CIMBSE apresentará as propostas ao Governo, adiantou.
O vice-presidente da Câmara de Fornos de Algodres e o presidente da CIMBSE falavam à agência Lusa sobre o assunto, após o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, ter defendido, na segunda-feira, o retomar do processo de construção da barragem no concelho de Celorico da Beira, para evitar descargas no rio Mondego a partir da barragem do Caldeirão.
Segundo Sérgio Costa, a construção da barragem evitaria “a necessidade das descargas no rio Mondego a partir da barragem do Caldeirão [que abastece a cidade e o concelho], para enchimento dos açudes que abastecem aquelas populações, tal como teve de acontecer há poucas semanas, o que levou a que a barragem do Caldeirão entrasse na fase crítica”.
“Há muitos técnicos da área, e não só, que defendem que esta barragem já devia estar construída há muitos anos, e é tempo de retomarmos esta necessidade”, justificou.
Desde outubro de 2021 até agosto choveu praticamente metade do que seria o normal, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O IPMA colocava no final de julho 55,2% do continente em situação de seca severa e 44,8 em situação de seca extrema. Não havia nenhum local continental que estivesse em situação normal, ou em seca fraca ou mesmo em seca moderada.