O neurocientista, natural da Guarda, publicou um estudo na Nature sobre um novo método para criar estratégias de tratamento das doenças de Parkinson, Huntington e do foro psiquiátrico.
Um método inovador para registar e medir a atividade dos chamados gânglios da base, um grupo de núcleos no cérebro humano ligados ao tálamo, córtex e tronco cerebrais, foi desenvolvido por Rui Costa, investigador principal do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud. O estudo sobre este método acaba de ser publicado na revista científica britânica Nature e segundo Rui Costa, «pode contribuir para desenhar novas estratégias de tratamento de doenças que afetam os gânglios de base, como Parkinson, Coreia de Huntington ou doenças do foro psiquiátrico como compulsões e adições».
O que acontece quando iniciamos uma ação
Os gânglios da base são necessários para iniciar as ações voluntárias e são afetados por uma série de desordens neurológicas debilitantes. A questão de saber quais são os mecanismos cerebrais que levam à iniciação voluntária de ações tem interessado os cientistas, pois permite perceber como o movimento é gerado, além do que acontece nas doenças de Parkinson ou de Huntington. O modelo mais adotado pelos investigadores diz que há dois circuitos – direto e indireto – nos gânglios de base que têm efeitos opostos no movimento. A atividade no circuito direto favoreceria o movimento, enquanto a atividade no circuito indireto inibiria o movimento. Este modelo tem sido difícil de testar devido à dificuldade de medir a atividade de cada um destes circuitos no cérebro. Mas a equipa de Rui Costa, que trabalhou com investigadores do Instituto Nacional do Abuso do Álcool e Alcoolismo dos EUA (NIAAA), descobriu que ambos os circuitos estão ativos quando iniciamos o movimento e encontrou uma nova técnica para medir a atividade dos circuitos nos gânglios de base. Rui Costa tem investigado os circuitos cerebrais que controlam o comportamento, de modo a perceber como eles são criados, como funcionam ao nível celular, e como tudo isso se junta num cérebro muito complexo para controlar o movimento, a aprendizagem, a memória e as ações.