“É, de facto, uma grandíssima honra para mim, por um lado, porque é um prémio com um júri muito prestigiado e, sobretudo, porque é um prémio que tem o nome de Eduardo Lourenço, que é para mim o vulto mais importante do pensamento ibérico dos nossos dias”, afirmou o galardoado à agência Lusa.
O espanhol distinguido com o prémio, no valor de 10 mil euros, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), na Guarda, disse ainda que o galardão tem “um grande significado” e é também um “grandíssimo compromisso” para o seu trabalho no futuro”.
O professor de literatura, tradutor, crítico literário e escritor recebeu ontem o prémio no decorrer de uma sessão, realizada na Sala Tempo e Poesia da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, na Guarda, na presença do patrono e diretor honorífico do CEI.
Para o ensaísta Eduardo Lourenço, o galardão atribuído a Antonio Saéz Delgado é “mais que justo”.
Na sua opinião, o galardoado é uma pessoa “de grande qualidade, não só de pensamento, de sensibilidade, mas também de ética”, e escreve com “uma grande simplicidade”.
“Não foi corrompido pela corrida à glória, fala de coisas fundamentais, tem um sentido imenso do que é próximo, do que é autêntico, da terra e da família”, disse.
António Sáez Delgado é professor de Filologia Hispânica na Universidade de Évora, tendo-se destacado pela tradução de grandes vultos da cultura portuguesa contemporânea como Fernando Pessoa, António Lobo Antunes, Manuel António Pina, José Gil e Teixeira de Pascoaes, entre outros.
Considerado o “especialista do Modernismo na Península Ibérica”, é “um investigador raiano que cruza fronteiras há mais de uma década”, assinala o CEI.
O júri decidiu atribuir o prémio a Sáez Delgado “pelo seu relevante papel no âmbito da cooperação e da cultura ibéricas, realçando as facetas de mediador cultural, escritor, investigador e professor, que o colocam na vanguarda deste campo da cultura”, foi salientado.
O prémio anual com o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, mentor e diretor honorífico do CEI, criado em 2004, destina-se a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura e da cooperação ibéricas.
As anteriores edições contemplaram Maria Helena da Rocha Pereira, catedrática jubilada da Universidade de Coimbra, o jornalista espanhol Agustín Remesal, a pianista Maria João Pires, o poeta espanhol Ángel Campos Pámpano, o penalista Jorge Figueiredo Dias, os escritores César António Molina e Mia Couto, o teólogo José María Martín Patino e o professor de Literaturas Hispânicas Jerónimo Pizarro.
O CEI é uma associação transfronteiriça sem fins lucrativos, que nasceu de um desafio lançado pelo ensaísta Eduardo Lourenço na sessão solene comemorativa do Oitavo Centenário do Foral da Guarda, em 1999.