Portugueses e espanhóis fogem à austeridade com férias em Portugal

Portugal tem encontro marcado com milhões de turistas, este ano, principalmente com os que deixavam saudades ao setor há pelo menos dois anos: os portugueses e os espanhóis regressaram.

No Algarve, nos primeiros quatro meses deste ano, a taxa de ocupação já acumulava 6% de crescimento e os hoteleiros esperam um verão a bater recordes.

“O crescimento nota-se nos meses laterais, fora de julho e agosto, que sempre foram muito procurados”, explica Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).

Com efeito, uma busca no portal mais utilizado para reservas de hotéis e alojamento local, o Booking.com, indica que a região está com ocupação média superior a 50% já a partir de hoje, chega a 64% na primeira semana de agosto e só cai para 29% no início de outubro.

“Precisamos de contrariar a forte sazonalidade do Algarve, junho, setembro e até outubro são meses em que os hoteleiros conseguem ter preços convidativos que rentabilizam o negócio”, explicou o hoteleiro, confessando que “a Páscoa foi uma surpresa: há muitos anos que não havia crescimento do mercado interno e do espanhol”. E os portugueses representam 30% dos turistas do destino.

Para Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, a Páscoa “sempre foi um indicador do que vai suceder no verão” e, “este ano, temos números claros de crescimento até à Páscoa que parecem caminhar para uma consolidação” na época alta. “Há um nítido aumento das viagens dos portugueses”, contabilizou.

A melhoria da confiança dos consumidores explica este fenómeno, na opinião dos responsáveis do setor. No início do ano, a consultora PwC previa um aumento das exportações do turismo entre 7,5% e 8% e adiava a recuperação do turismo interno. De facto, os portugueses continuam sob o jugo das medidas de austeridade que, entre outros encargos, subtraíram subsídios de férias à generalidade da população.

“A saída da troika e a melhoria dos indicadores de conjuntura, desde o último trimestre do ano passado, contribuíram efetivamente para o aumento da procura de viagens e turismo, uma vez que sabemos que a disponibilidade orçamental das famílias nem aumentou”, considerou o porta-voz da Abreu, a maior agência de viagens portuguesa. A “procura de férias está claramente em alta”, mas os portugueses mantêm-se cautelosos, procurando destinos mais próximos, como “Algarve, Açores, Madeira e Porto Santo”, além de outros destinos do Mediterrâneo, cidades europeias ou Brasil.

Entre janeiro e março, o Instituto Nacional de Estatística registou mais 1,8% de dormidas de residentes e mais 5,3% nas dormidas de estrangeiros na hotelaria nacional. Isto em comparação com o ano passado, em que registámos mais turistas e dormidas do que nunca. Mas o melhor ano de sempre mede-se nos proveitos e ultrapassar a performance de 2008 será o real recorde.

 


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