Ordem dos Médicos preocupada com falta de recursos humanos na Guarda

O presidente da Seção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, mostrou-se preocupado com a falta de recursos humanos no distrito da Guarda ao nível dos cuidados de saúde primários e secundários.

Carlos Cortes concluiu uma visita de dois dias ao distrito e, no final, em conferência de imprensa, disse que encontrou três áreas problemáticas – recursos humanos, formação e instalações – e que a “mais grave” está relacionada com a falta de profissionais.

“O distrito, a Unidade Local de Saúde (ULS), sente esse problema na pele. Detetámos por várias vezes a falta de médicos em muitos serviços que visitámos do hospital e em vários centros de saúde e essas dificuldades têm um impacto, obviamente, direto sobre a qualidade da prestação dos cuidados de saúde”, afirmou.

Segundo o presidente da SRCOM, “não se faz uma medicina de qualidade, não se consegue prestar cuidados de saúde de qualidade” se não existirem profissionais de saúde.

O responsável deu ainda o exemplo dos centros de saúde de Pinhel e de Figueira de Castelo Rodrigo, que abrangem 9.000 e 6.000 utentes, respetivamente, onde trabalham “dois ou três médicos de família”, um número considerado “nitidamente insuficiente”.

Em relação às medidas de captação de novos médicos para o interior, aplicadas pelo Ministério da Saúde, referiu que não resolvem o problema da falta de especialistas.

Carlos Cortes questiona de que serve “abrirem vagas no interior quando, ao mesmo tempo, se abrem as mesmas vagas em hospitais do litoral?”.

Em sua opinião, os incentivos aplicados pelo Governo não irão resolver “absolutamente nada”.

“Os médicos têm que estar onde há maiores necessidades em saúde e a ULS da Guarda, o distrito da Guarda, é um local carenciado, necessita de médicos. Cabe ao Ministério da Saúde desenvolver os esforços e os mecanismos para colocar os médicos. Aquilo que eu constatei é que as medidas que foram tomadas pelo Ministério da Saúde são um absoluto fracasso e põem em perigo as populações da região”, apontou.

Quanto às instalações, o presidente da SRCOM deu dois exemplos que “ilustram perfeitamente o despesismo que tem existido” no país e a “inadaptação das soluções que têm sido encontradas em relação àquelas que são as necessidades das populações e a oferta que o Estado se obriga a dar”.

O novo centro de saúde de Figueira de Castelo Rodrigo não tem uma área específica para funcionamento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP), denunciou.

“O que vai existir, em termos de SAP, vai ser uma situação de remendo”, disse.

Já no Hospital Sousa Martins, na Guarda, existe “algo completamente inadaptado”: a nova área do hospital “está completamente separada de outas áreas médicas muito importantes”.

A Ordem dos Médicos vai elaborar um “relatório exaustivo” para entregar aos responsáveis da ULS, à Administração Regional de Saúde do Centro e ao Ministério da Saúde.


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