De acordo com o ‘Economic Outlook’, hoje publicado, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu hoje em alta as previsões para Portugal, esperando que a economia cresça 1,6% em 2015 (contra os 1,3% estimados em novembro) e 1,8% em 2016 (acima dos 1,5% anteriormente previstos).
A OCDE espera, assim, o mesmo crescimento que o Governo português para este ano (de 1,6%) mas, para 2016, está mais pessimista, uma vez que o Executivo aponta para um crescimento de 2%, duas décimas de ponto percentual acima da estimativa da OCDE.
Já em relação às perspetivas para o défice orçamental de Portugal, a OCDE continua a esperar um défice de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, ligeiramente acima da previsão do Governo (de 2,7%).
No entanto, a instituição agravou a estimativa para 2016, antecipando agora um défice de 2,8% no próximo ano (contra os 2,3% previstos em novembro), uma previsão que é bastante menos otimista do que a do Governo, que espera um défice orçamental de 1,8% para o próximo ano.
A OCDE prevê que a dívida pública de Portugal comece a cair este ano, passando dos 130,2% do PIB verificados em 2014 para os 127,7% este ano e caindo novamente para os 124,2% em 2016, uma previsão que aponta para uma queda mais acentuada da dívida do que a anteriormente estimada.
No entanto, apesar de ter melhorado a projeção para a dívida pública portuguesa, a OCDE continua a apresentar previsões mais pessimistas do que as do Governo, que espera que esta se reduza para os 124,2% este ano e para os 121,5% em 2016.
A OCDE espera agora mais desemprego do que o antecipado em novembro, prevendo que a taxa atinja os 13,2% da população ativa este ano e os 12,6% no próximo, projeções menos otimistas do que as anteriores, que apontavam para taxas de desemprego de 12,8% e de 12,4%, respetivamente.
No relatório, a instituição liderada por Angel Gurría refere que, apesar da recuperação prevista, vai persistir na economia portuguesa algum atraso, “uma vez que a taxa de desemprego vai continuar a cair apenas moderadamente”, e defende que, tendo em conta que a recuperação económica será frágil, “é bem-vindo um ritmo de consolidação orçamental mais moderado”.
Além disso, a OCDE lamenta que, apesar dos progressos, “a competitividade dos setores transacionáveis esteja a ser travada pela fraca competitividade nos setores dos serviços” e considera que isto pode ser combatido com “mais reformas estruturais nos setores da eletricidade e do gás” e através da “redução das restrições desnecessárias aos serviços profissionais”.
Quanto ao investimento, a OCDE destaca que este caiu quase 35% entre 2007 e 2014, “uma queda duas vezes maior do que a da União Europeia como um todo”, acrescentando que a retoma do investimento que já se vê nas economias chave da zona euro “continua por se materializar em Portugal”.