Município do Fundão investe na prevenção florestal

A câmara Municipal do Fundão (CMF) investe mais de meio milhão de euros na prevenção.

A candidatura, aprovada no âmbito do Proder, vai permitir a limpeza de 350 hectares de floresta em toda a zona do pinhal e ainda nas localidades de Enxames, Mata da Rainha e Lavacolhos.

“Estamos a executar uma candidatura para limpeza de 350 hectares de terreno no concelho do Fundão, basicamente o que se faz é a limpeza da biomassa florestal, fazendo uma delimitação de áreas para criar faixas de segurança não só para os bombeiros mas também para o incêndio não galgar para outros cantões”, explicou Miguel Gavinhos, vice-presidente da câmara do Fundão, ontem de manhã no seminário promovido pela Associação Florestal do Interior sobre as ameaças, as oportunidades e os desafios do setor.No campo das oportunidades, o autarca destaca dois projetos que estão a ser desenvolvidos no concelho: o centro de biotecnologia na Soalheira “que pode significar uma oportunidade do ponto de vista de definição de espécies mais eficientes na região” e a central de biomassa “que já teve alguns avanços e recuos, mas nós ainda não desistimos do projeto”. A decisão tomada este ano pelo município do Fundão de agravar em 300% o IMI rústico aos proprietários que não cuidem das suas terras é outro dos fatores que pode promover a limpeza da floresta num concelho onde a mancha florestal ocupa mais de 65% do território.

Isménio de Oliveira, da Confederação Nacional de Agricultura, foi outro dos convidados da AFIN, e apontou o aumento desordenado do eucalipto e falta de estratégia florestal por parte dos sucessivos governos como os principais constrangimentos do setor “enquanto os sucessivos governos continuarem sem perceber que o investimento na floresta não pode ser direcionado unicamente para o eucalipto, que está a aumentar de forma desordenada, Portugal vai continuar a arder verão após verão e a economia florestal a definhar”. Para estimular a competitividade do setor, Isménio de Oliveira considera que “o Estado deveria contribuir para se implementar um preço mínimo para o material lenhoso na mata e fora dela”.

A necessidade de uma entidade reguladora de preços no setor florestal foi defendida por Paulo Castro, da Associação de Promoção ao desenvolvimento florestal, como forma de acabar com os oligopólios que existem nos três principais produtos da floresta: a celulose, o pinhal e a cortiça “nos três principais produtos da floresta portuguesa nós temos um problema de protecionismo do Estado à indústria, em detrimento da floresta e do território, aqui tem que haver alguma correção, nós defendemos que deve haver, como já houve no passado, uma entidade reguladora de preços”.

O seminário desta manhã insere-se num conjunto de iniciativas que a Associação Florestal do Interior está a desenvolver até final do ano “no próximo dia 6 de outubro vamos fazer um seminário sobre o regadio da Cova da beira, também estamos a fazer um estudo sobre o impacto que teve o Proder na agricultura no nosso distrito”. Aníbal Cabral não adianta para já os dados do estudo sobre o impacto do Proder na agricultura que estará concluído antes do final do ano.


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