Ministros da Economia e Agricultura são "grande decepção"

O presidente do Fórum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa, diz que os ministérios da Agricultura e da Economia “estão a ser uma grande decepção” num Governo com nota globalmente positiva, mas que está atrasado nas reformas estruturais. Em entrevista à Lusa, o antigo líder da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), elogia a coragem […]

O presidente do Fórum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa, diz que os ministérios da Agricultura e da Economia “estão a ser uma grande decepção” num Governo com nota globalmente positiva, mas que está atrasado nas reformas estruturais.

Em entrevista à Lusa, o antigo líder da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), elogia a coragem do ministro das Finanças e do primeiro-ministro e a inversão de rumo operada no país, mas critica os ministérios sectoriais, nomeadamente “a Agricultura e a Economia”, por as coisas andarem “devagaríssimo”.

Para o empresário, esta falta de velocidade não resulta apenas da crónica demora que existe em Portugal para alterar legislação. Mesmo “ao nível da execução e de coisas mais simples, esses dois ministérios, que são os que estão mais perto da actividade económica, estão a ser uma grande decepção”.

Ferraz da Costa é especialmente crítico em relação ao ministro da Economia: “Ninguém espere que o ministro da Economia seja capaz de explicar seja o que for. Ele não tem essa capacidade. Boa parte das coisas que diz transformam-se rapidamente num motivo de chacota”, lembra o empresário.

O líder do Fórum para a Competitividade admite que este seja um problema relativo a todos os ministros da Economia pelo facto se ser deles que se esperam boas notícias em tempos de crise, mas garante que “também é um problema do ministro ou pelo menos é um ministro que não parece estar muito adaptado às necessidades do lugar”.

Ferraz da Costa reconhece competência ao ministro nas áreas económicas, mas também se diz convencido de que Álvaro Santos Pereira “não conhecia o país” e nota que o ministro “não tem conseguido assegurar um ritmo de alteração em relação às reformas estruturais”.

“Ou é incapacidade dele ou aceita uma situação organizacional dentro do Governo que não permite fazer isso e nessa altura… se estivesse nessa situação ia-me embora”, conclui o antigo líder da CIP.

A lentidão do Ministério da Agricultura e da Economia e o atraso na implementação de reformas estruturais são, aliás, as grandes críticas que o empresário faz ao Governo o que o leva a defender a necessidade de “um grande responsável pelas reformas estruturais”.

Por outro lado, Ferraz da Costa identifica “um problema de repartição de esforços dentro do Governo”.

“Cada vez que o primeiro-ministro diz que temos de ter as finanças públicas endireitadas antes de partimos para o crescimento – o que percebo – está ao mesmo tempo a passar ou a tirar a noção de urgência aos ministros que têm de tratar das reformas estruturais”, refere o presidente do Fórum para a Competitividade.

Apesar das críticas, Ferraz da Costa dá uma nota globalmente positiva ao Governo tendo em conta “a inversão de rumo feita” em relação à situação “muito angustiante” em que o País se encontrava e que, segundo este responsável, poderia ter levado Portugal a entrar “numa rutura desorganizada”.

Como ponto positivo, este responsável lembra ainda que “o Governo convenceu a opinião pública interna, os mercados financeiros e as organizações internacionais de que era capaz de controlar a política orçamental”.

“Quer o ministro das Finanças quer o primeiro-ministro estão de parabéns com a coragem com que dizem sempre: queremos cumprir com as metas que foram estabelecidas, queremos honrar os compromissos, vamos tentar ir para o mercado em 2013, e cada vez deve ser mais angustiante dizer isso, mas há uma persistência que me parece muito importante em termos de enquadramento”, conclui Ferraz da Costa.

Mais difícil é responder à questão se Portugal está hoje melhor ou pior do que há um ano.

Ferraz da Costa nota que houve uma interiorização de que não há dinheiro, mas critica a ausência de “qualquer discussão positiva” sobre as alterações que tinham de ser feitas “no nosso modo de viver económico e o interesse que essas alterações teriam para as pessoas”.

E nesse aspeto o Governo tem “uma responsabilidade grande”, adianta, porque “não tem conseguido dar qualquer visibilidade à parte positiva das alterações estruturais” e, ao mesmo tempo, tem mostrado “alguma fraqueza, atraso e lentidão na implementação de algumas das reformas”.

Fonte:  Lusa


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