Memorando Florestal

A crise no Sector Florestal… Memorando da reunião de Entidades ligadas à Floresta no Distrito da Guarda O Distrito da Guarda tem vindo, de forma persistente, a ser vítima da sua interioridade e do abandono em termos de políticas públicas susceptíveis de promover o seu desenvolvimento. Tal situação, tem não só diminuído a actividade económica […]

A crise no Sector Florestal…

Memorando da reunião de Entidades ligadas à Floresta no Distrito da Guarda

O Distrito da Guarda tem vindo, de forma persistente, a ser vítima da sua interioridade e do abandono em termos de políticas públicas susceptíveis de promover o seu desenvolvimento.

Tal situação, tem não só diminuído a actividade económica nesta região, como estimulado o seu despovoamento, tornando-a pouco atractiva ao investimento e à fixação de pessoas.

Os diferentes instrumentos de desenvolvimento regional consagrados nos vários quadros comunitários não surtiram o efeito a que teoricamente se propunham por desajustamentos na sua concepção e por dotações orçamentais exíguas face às necessidades existentes.

Para tal, também contribuiu a tradicional cultura dos responsáveis do poder local, valorizando investimentos físicos de discutível necessidade, em desfavor do estímulo à actividade produtiva e a acções imateriais com menor visibilidade pública.

Assim, as actividades tradicionais foram abandonadas, como a agricultura, cuja reconversão é praticamente nula, pese embora tenha sectores com grande potencial, levando ao abandono dos campos e ao aniquilamento já quase consumado do mundo rural.

De entre estes recursos subaproveitados, a floresta assumia e assume-se como uma das alternativas à pobreza dos solos e ao êxodo rural, permitindo o desenvolvimento de novas áreas de negócio e gerando novas formas de desenvolvimento sustentável do mundo rural.

A par destas vantagens, a implementação de práticas de ordenamento e de gestão florestal seriam determinantes para a contenção e controlo dos fogos a que anualmente nos habituámos a assistir sem que em termos estruturais sejam tomadas medidas de prevenção, para lá das anunciadas e nunca executadas.

Foi neste contexto, igual ao de muitos dos anos já passados, que reuniram no dia 29 de Julho de 2010 as entidades abaixo descriminadas, tendo por objectivo fazer o ponto de situação do sector florestal no Distrito da Guarda, tendo chegado às seguintes conclusões:  

1.       Falta de uma verdadeira política estrutural para o Sector Primário adequado à realidade do Distrito da Guarda;

 

2.       Excessiva burocracia nas candidaturas aos programas de apoio, nomeadamente no PRODER;

 

3.       Falta de formação e/ou informação dos funcionários da linha de atendimento do PRODER relativamente aos esclarecimentos das candidaturas;

 

4.       Lentidão excessiva na abertura de medidas dos programas de apoio, aliada a critérios de análise não conformes com a realidade regional e a períodos de análise demasiado longos;

 

5.       Constata-se que as escassas candidaturas a programas de apoio que foram abertas (PRODER), privilegiam as grandes empresas ou as grandes associações nacionais;

 

6.       Sendo a implementação de novos modelos de gestão florestal (ZIF´s), a principal estratégia para o pleno aproveitamento dos recursos florestais, verifica-se contudo que os apoios que lhe estão adstritos são no mínimo ineficazes;

 

7.       Falta de apoio na formação dos técnicos sobre os Planos de Gestão Florestal. De forma insistente a Comissão Florestal tem vindo a solicitar à Administração o envio de técnicos para essa formação, sem que até à presente data tenhamos obtido qualquer resposta;

 

8.       Atrasos nos pagamentos das Equipas de Sapadores Florestais das Associações de Produtores Florestais;

 

9.       Ausência de formação e dinamização da aplicação de técnicas preventivas de combate aos fogos florestais, como o fogo controlado e outras, criando-se muitas dificuldades burocráticas à sua aplicação;

 

10.   Falta de coerência nas informações prestadas pelo PRODER e pelo IFAP, sendo necessário de alguma forma chamar a atenção para um entendimento entre estes serviços;

 

11.   Grandes dificuldades financeiras para cumprir as obrigações ao estado (pagamentos à Segurança Social e IRS) e assegurar salários dos trabalhadores das OPF (técnicos e sapadores). 

Face ao exposto, foi decidido:

1.       Promover a maior divulgação do conteúdo da presente reunião

2.       Enviar o presente memorando aos:

·        Senhor Presidente da República

·        Senhor Primeiro-ministro

·        Senhor Ministro da Agricultura

·        Senhor Presidente da Comissão de Agricultura e Pescas da Assembleia da República

·        Senhor Governador Civil da Guarda

·        Senhores Presidentes dos Partidos Políticos com representação Parlamentar

·        Senhores Presidentes de Câmara do Distrito da Guarda

·        Senhor Director Regional de Agricultura e Pescas do Centro

·        Órgãos de comunicação social

3.       Promover a realização de uma conferência de imprensa

4.       Analisar outras medidas de sensibilização e de chamada de atenção para a grave situação com que se confronta a floresta na nossa região.

                                 Guarda, Outubro de 2010

O Presidente da Comissão Florestal do NERGA

(Hugo Jóia, Eng.º)

 Subscrevem as seguintes Entidades:

Opaflor – Associação de Produtores Florestais da Serra da Opa

Cróflor – Associação de Produtores Florestais do Cró

Alto da Broca – Associação de Produtores Florestais do Alto da Broca

APFCFCR – Assoc. de Prod. Flor. do Conc. de Figueira de Castelo Rodrigo

Fonte de Visão, Lda. – Empresa Florestal

Côaflor – Associação de Produtores Florestais do Alto do Côa

Floresta Bem Cuidada, Projectos Florestais, LDA

Silviestrela – Serviços e Gestão Florestal

 


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