José Barreto Xavier apresentou Rede de Judiarias-Rotas de Sefarad

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, disse na passada sexta-feira, na apresentação da Rede de Judiarias-Rotas de Sefarad, que esta irá «ajudar a encontrar umas das referências identitárias» dos portugueses. Em declarações aos jornalistas, Jorge Barreto Xavier afirmou que a dimensão da rede «vai ser significativa», tendo em conta «o número de […]

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, disse na passada sexta-feira, na apresentação da Rede de Judiarias-Rotas de Sefarad, que esta irá «ajudar a encontrar umas das referências identitárias» dos portugueses.
Em declarações aos jornalistas, Jorge Barreto Xavier afirmou que a dimensão da rede «vai ser significativa», tendo em conta «o número de municípios que integra, 28, desde Trás-os-Montes ao Algarve», e sublinhou que o projeto engloba «nove operações diretas ao nível de reconstrução e reabilitação do [património] edificado» e ainda «um conjunto de ações ao nível do imaterial e da documentação». Esta rede «vai potenciar tanto a nível interno como da Península [Ibérica] e a nível mais alargado da diáspora da comunidade judaica, um número significativo de turistas», disse o governante, salientando que esta capacidade «será uma consequência», pois a prioridade «é o trabalho da produção cultural, do exercício do património, sendo o turismo um resultado». Barreto Xavier afirmou que o que distingue Portugal, relativamente a outros países como Marrocos, Tunísia ou Espanha, é o seu património. O secretário de Estado da Cultura tinha já afirmado, na apresentação oficial da rede, que em Portugal o «património cultural é um dos ativos diferenciadores mais importantes» considerando que «é errado pensar que a economia está à frente do homem», pois «a economia está ao serviço das comunidades». O projeto da Rede de Judiarias está projetado para quatro anos e tem um orçamento de cinco milhões de euros, sendo mais de dois terços financiado pelo Governo da Noruega. O Governo português participa com 705 mil euros e o terceiro parceiro é a Associação da Rede de Judiarias, criada em 2011. A Noruega participa através do programa EEA Grants (mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu, com raízes na Associação Europeia de Comércio Livre, EFTA), que garante 85% do orçamento total, sendo que Oslo suporta 97% deste programa, e o restante é assegurado pela Islândia e pelo Principado do Liechenstein. Jorge Patrão, da associação da Rede de Judiarias, realçou que, através deste projeto, se «resgata a nossa memória», trazendo à luz do dia «um património esquecido e que esteve escondido». Um dos objetivos do programa da Rota Sefarad é sinalizar nas urbes os espaços e o património edificado judaico. Patrão realçou que 10% dos municípios portugueses participam na rede e que «esta não é a história dos outros, é a de Portugal, e também a do povo judeu mundial». Hoje, na apresentação da rede, na Biblioteca da Ajuda, em Lisboa, esteve presente o embaixador da Noruega, Ove Thorsheim, e a diretora regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro, que disse que esta representa «uma procura das raízes» da Cultura portuguesa. A rede, acrescentou Celeste Amaro, «é uma formidável abertura ao mundo através das comunidades judaicas» e o «reconhecimento de um corpus patrimonial», que se deve compreender na «pluralidade da sociedade». Um património, realçou a responsável, do qual há «marcas silenciadas e silenciosas [de que] se deve evitar o risco de destruição». Celeste Amaro referiu que o édito de 1496, do Rei D. Manuel I, obrigou os judeus a saírem do país ou a tornarem-se cristãos-novos, como «capas da fé que foram mantendo de forma silenciosa». A região Centro é, no país, aquela que integra a maior parte dos municípios com património judaico, entre os quais, Belmonte, Trancoso e Guarda. A diretora de Cultura do Centro sublinhou também a importância desta Rede para redinamizar as economias locais e criar espaços culturais. A Rede inclui um programa de levantamento, reabilitação, organização e disponibilização do património material e imaterial relacionado o judaísmo, e inclui, entre outros, os municípios e Lisboa, Bragança, Belmonte, Guarda, Fornos de Algodres, Freixo de Espada à Cinta, Santarém, Tomar, Penamacor e Vila Nova de Foz Côa.

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