Incêndios
A indústria papeleira, que gere quase 6 por cento da floresta nacional, gasta cerca de 2,3 milhões de euros por ano na defesa contra incêndios, segundo dados da associação do sector.
De acordo com o último boletim estatístico, as dez empresas associadas da CELPA, que representam os maiores produtores de pasta para papel, papel e cartão, investiram uma média anual de 2,3 milhões de euros em acções de silvicultura preventiva, entre 2003 e 2009.
No ano passado, as acções de silvicultura preventiva que incluem controlo de vegetação, limpeza de caminhos e aceiros, manutenção e construção da rede viária, incidiram sobre uma área com mais de 24 mil hectares, o que corresponde a 13 por cento da área florestal das empresas da CELPA (cerca de 200 mil hectares), representando um encargo de 2,7 milhões de euros.
As plantações em áreas geridas pelas empresas da CELPA têm vindo a crescer. Em 2003, foram plantados apenas 1.645 hectares de floresta (dos quais 1.369 de eucalipto), enquanto em 2009 esse valor subiu para 3.452 hectares (3.436 hectares de eucaliptal).
Enquanto o investimento na defesa da floresta tem vindo a crescer, a área ardida diminuiu significativamente.
A CELPA destaca que “a percentagem da área florestal que, em média, arde anualmente às empresas associadas só em 2003 e 2005 é que ultrapassou 5 por cento da sua área total, chegando aos 13,2 por cento e 5,3 por cento, respetivamente”.
Em 2009, este valor foi de cerca de 0,4 por cento, tendo ardido 797 dos 201 mil hectares ocupados por empresas associadas à CELPA.
Numa resposta escrita enviada à Agência Lusa, o grupo Portucel Soporcel que ocupa uma área total de cerca de 120 mil hectares de floresta (73 por cento com plantações de eucalipto) salienta que a defsa da floresta contra incêndios “é uma prioridade”.
A Portucel Soporcel destaca ainda que “investiu cerca de três milhões de euros na campanha de 2010 de prevenção e apoio ao combate aos incêndios florestais, sendo que 60 por cento deste montante foi canalizado para acções de prevenção”.
A empresa critica, por outro lado, a falta de investimento a nível da prevenção que “não tem permitido uma redução significativa do risco de incêndio florestal, continuando a floresta muito dependente das condições meteorológicas”.
A Altri Florestal, que gere uma área de cerca de 80 mil hectares de floresta, tem também vindo a aumentar o seu investimento em defesa da floresta contra incêndios passando de 445 mil euros em 2008 para 842 mil euros em 2009.
O investimento em florestação teve também um crescimento significativo, aumentando de 1,4 milhões de euros em 2008 para 2,7 milhões em 2009.
No seu Plano de Gestão Florestal, a Altri salienta que a incidência de fogos na área florestal gerida pelo grupo não ultrapassa em geral os 0,5 por cento (exceto nos anos de 2003 e de 2005).
“Este resultado deve-se em grande parte ao grande investimento feito todos os anos em silvicultura preventiva e nos dispositivos de deteção e combate aos incêndios florestais da AFOCELCA”, justifica.
A direção da CELPA acrescenta: “é expectável que as melhorias verificadas no combate aos fogos florestais, acompanhadas de campanhas de sensibilização que visam a mudança de comportamentos de uso do fogo negligentes ou intencionais (principal causa dos incêndios florestais em Portugal), contribuam para minimizar este grave problema que afecta o País e a sua economia. De facto, convém realçar que o sector florestal tem um papel estruturante na economia nacional representando cerca de 10 por cento das exportações portuguesas”.