Incêndios destroem searas de trigo e fazem disparar preços nos mercados internacionais

Rússia Uma seca severa destruiu um quinto da seara de trigo na Federação Russa, um dos principais exportadores mundiais, e agora os fogos estão a acabar com alguns dos campos que tinham escapado. Destak/Lusa | destak@destak.pt As expectativas de que a Federação Russa reduza as exportações em pelo menos 30 por cento provocaram subidas acentuadas […]

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Uma seca severa destruiu um quinto da seara de trigo na Federação Russa, um dos principais exportadores mundiais, e agora os fogos estão a acabar com alguns dos campos que tinham escapado.

Destak/Lusa | destak@destak.pt

As expectativas de que a Federação Russa reduza as exportações em pelo menos 30 por cento provocaram subidas acentuadas dos preços do trigo e levaram boas notícias para os agricultores do maior exportador de trigo – os Estados Unidos.

O aumento do preço do trigo significa que os norte-americanos e os europeus pagarão mais pelo pão, mas a conta mais pesada será paga pelas populações do Médio Oriente, de África e de partes da Ásia, estimam os analistas.

A União Cerealífera Russa disse na segunda feira que espera uma redução das exportações para 15 milhões de toneladas, que compara com as 21,4 milhões de toneladas exportadas em 2009, mas a consultora SovEcon, mais pessimista, prevê que não ultrapassem as 12 toneladas, com outros analistas a apontarem para valores ainda mais inferiores.

“A Rússia tornou-se a fazedora do preço no mercado”, disse Dmitry Rylko, director geral do Instituto de Estudos dos Mercados Agrícolas, que espera exportações mínimas.

Os agricultores russos têm poucos incentivos para exportar.

Mesmo que os preços estejam a disparar nos mercados mundiais, com ganhos reforçados na segunda-feira, estão a crescer ainda mais na Federação Russa, pelo que muitos agricultores ficam com as suas colheitas na expectativa de ainda maiores lucros.

A maioria dos danos sofridos pelas searas foi causada pela seca, uma das piores desde há décadas, com parte significativa do território da Federação a sofrer o verão mais quente desde que se começaram a fazer registos da temperatura, há 130 anos.

Mas nos dias mais recentes, vários fogos têm atingido muita da parte ocidental, tendo afectado muitas regiões agrícolas, receando-se pela perda de muitos mais campos semeados.

As quintas estatais têm sido marginalizadas desde o fim da União Soviética e muita da produção de cerais da Federação Russa é feita por grandes empresas, frequentemente multinacionais.

Após anos de estagnação, a agricultura russa tem estado a recuperar à medida que empresas russas e o investimento estrangeiro começaram a comprar terra e a melhorar a produção.

Os preços do trigo na bolsa de mercadorias de Chicago aumentaram 42 por cento em Julho e estão no máximo de dois anos.

Sem o fim da seca na Federação Russa em perspectiva, os analistas esperam a continuação da subida dos preços.

George Lee, que gere as aplicações na agricultura na Eclectica Asset Management, em Londres, disse que os Estados Unidos e outros exportadores, como Argentina e Austrália, serão os “grandes ganhadores”, uma vez que o Canadá e a União Europeia não estão à espera das suas melhores colheitas.


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