Hoje Brigada Victor Jara no TMG

No palco ganham novos timbres, mais vozes, outras idades.

A Brigada Victor Jara vai subir ao palco do grande auditório do Teatro Municipal da Guarda hoje, dia 23 de janeiro, às 21h30.Ao longo de quarenta anos, a Brigada Victor Jara gravou mais de uma centena de canções de raiz tradicional. Quarenta anos são muitas cantigas, vindas de um chão em que viveram outras vidas. Onde foram eito de trigo, embalo de menino, incitamento de homens e de bichos, testemunho de fé. No palco ganham novos timbres, mais vozes, outras idades.
Nasceram no Verão quente de 1975, nas Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do MFA. Foi entre Malpica e a Lousã, que começaram a descobrir a Música Tradicional, um gosto que se foi aprofundando e desenvolvendo no contacto com elementos do GEFAC. Eram todos jovens estudantes, empenhados na tarefa às vezes não fácil – mas gratificante – de levar melhorias às populações esquecidas pela ditadura anterior a 25 de Abril de 74, ao mesmo tempo que faziam passar a mensagem de um Portugal que se queria diferente. Em contacto com a tradição oral das cantigas que marcavam o dia-a-dia do mundo rural, decidiram juntar esforços, vozes e instrumentos e formar um grupo. E o nome, qual seria? Nada melhor do que o do cantor chileno Victor Jara, torturado e assassinado pelos militares da ditadura de Pinochet a 11 de Setembro de 1973 num estádio de Santiago, tendo o corpo sido posteriormente abandonado num bairro de lata da capital chilena. Nascia assim um dos mais importantes e duradouros grupos de Música Tradicional Portuguesa, que teve nas recolhas de Michel Giacometti e nos seus Arquivos Sonoros Portugueses a fonte onde a Brigada Victor Jara bebeu muitos dos ensinamentos que foi depois espalhando ao longo de quarenta anos.


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