Funileiro da Guarda faz flores e peças decorativas com restos de chapas

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O funileiro Cândido Gonçalves, de 63 anos, residente no bairro da Sequeira, na cidade da Guarda, preenche algum do tempo livre a fazer flores com restos de chapas que sobram das caleiras que faz na sua oficina.

A ideia de reutilizar sobras de metal surgiu há cerca de dez anos, por brincadeira e para se entreter nos dias de inverno.

“São coisas que eu imagino e que me vão saindo bem”, contou o funileiro à agência Lusa.

Em relação às flores, peças originais feitas a partir de “bocadinhos” de chapa que reaproveita, disse que o processo criativo começa no momento em que congemina o tipo de flor que vai fazer, seguindo-se o recorte, a soldadura e a pintura, que é a última fase.

O artesão não sabe contabilizar quanto tempo demora a fazer uma flor, porque tudo depende da “paciência” com que estiver no momento.

“É relativo. Há dias em que, se for preciso, sai [uma flor] em dez ou quinze minutos. Há outros em que até nem sai e deixo para o outro dia. Tenho de ter paciência para agarrar nisto”, justificou.

Para além das flores, de vários tamanhos e feitios, Cândido Gonçalves também faz quadros decorativos (com aplicações de flores em metal), cântaros, regadores, jarras, baldes, luminárias de parede e caldeiros.

O projeto mais recente, e aquele que considera “mais audaz”, é a feitura da Sé Catedral da Guarda em chapa, empreitada que já iniciou mas que, por exigir muita dedicação, admite “guardá-la para o inverno”, porque, vaticina, nessa altura vai “ter paciência e tempo para ela”.

As peças que o funileiro tem feito têm sido para decorar a própria casa e para oferecer aos amigos que, tal como os familiares, ficaram “um pouco admirados” com o seu trabalho.

“Até eu consegui ficar admirado com isto tudo que saiu, porque, no fundo, são coisas bonitas”, observou.

O homem, que já perdeu o conto às peças que fez com desperdícios de chapa, admite dedicar-se a este passatempo quando se reformar: “Talvez sim. E não sei se não irei idealizar outras coisas. Acho que me vou dedicar bastante a isto porque eu gosto de estar entretido e gosto de ter alguma coisa para fazer”.

Cândido Gonçalves aprendeu a arte de funileiro com 12 anos, na Guarda, e está estabelecido por conta própria desde 1977.

Atualmente, só faz peças de funilaria para amigos, pois dedica-se ao fabrico e à colocação de caleiras e de vedações em telhados de casas.

O artesão lembra que a sua arte entrou em decadência há vários anos devido à concorrência dos artigos em plástico, no entanto, está disponível para ensinar os mais novos, caso haja interesse, por exemplo, por parte do Instituto de Emprego e Formação Profissional ou da Câmara Municipal da Guarda.

“Não me custava nada, desde que houvesse jovens realmente interessados em saber fazer isto. Eu alinhava nisso”, concluiu.


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