O presidente da Câmara Municipal do Fundão, Paulo Fernandes, estima que haja um prejuízo de 3,5 milhões de euros nas infraestruturas municipais, uma perda de cinco milhões de euros no setor florestal, quatro milhões de euros em empresas do setor agropecuário, turismo e captação de água, 500 mil euros na proteção civil e um milhão para recuperação de habitações afetadas.
O município já fez também uma projeção de ações de regeneração da Serra da Gardunha, que deve custar sete milhões de euros, e do relançamento da economia associada àquela zona, orçado em cinco milhões de euros.
Cinco casas de primeira habitação e quatro de segunda habitação foram afetadas pelo fogo, disse à agência Lusa Paulo Fernandes, sublinhando que ficaram “destruídas na íntegra” apenas uma casa de primeira habitação e uma de segunda habitação, sendo que as restantes registaram “danos parciais”.
O fogo afetou ainda 43 habitações devolutas, acrescentou.
De acordo com o autarca, o fogo consumiu 7.200 hectares, 5.050 dos quais no concelho do Fundão e os restantes em Castelo Branco.
Paulo Fernandes sublinhou que há entre “170 a 180 postos de trabalho que podem estar em causa”, registando-se 200 produtores agrícolas e agropecuários afetados.
O incêndio afetou pomares, olivais e vinha, e consumiu zonas de pasto para ovelhas e cabras – parte importante da economia local face à fileira “fortíssima” do queijo na Beira Baixa, notou.
“Já estamos a fazer a alimentação direta a mais de 1.200 cabeças de ovelhas e cabras”, referiu o presidente da Câmara do Fundão, acrescentando ainda que “morreram muitas ovelhas e cabras” no fogo, sem quantificar o número de cabeças perdidas.
No setor frutícola (a cereja é um importante recurso da economia local), o maior impacto não passa pelo número de árvores ardidas, mas pelo facto de o incêndio “ter afetado, sobretudo, os sistemas de rega”, sendo que, se não houver investimento a curto e médio prazo, “pode-se pôr em causa os pomares”, explanou Paulo Fernandes.
Os sete milhões de euros “necessários” para a rearborização da Serra da Gardunha – paisagem protegida – incluem a plantação de espécies autóctones, acrescentou o autarca, sublinhando que nas ações a longo prazo também está identificada a necessidade de investir um milhão de euros para assegurar a redução de riscos de erosão do solo.
“Tem de haver uma resposta coletiva, tal como teve que acontecer para o fogo de Pedrógão Grande”, defende o presidente da Câmara do Fundão, considerando que todos os municípios da região Centro afetados pelos incêndios após a tragédia de Pedrógão Grande deveriam ter também uma resposta por parte do Estado.
“Há um conjunto de necessidades de resposta urgente e emergente e são precisos recursos”, frisou.
Face ao regime de proteção da Serra da Gardunha, Paulo Fernandes entende ainda que deveriam ser criadas medidas excecionais para garantir uma gestão florestal “para o conjunto” da serra e não “centenas de micro-planos”.
“O modelo da propriedade e a relação que hoje existe em áreas protegidas não pode continuar da mesma maneira. Deve ser permitida a gestão de áreas maiores, nomeadamente através de alugueres de longa duração com algum micro-rendimento”, sugeriu.