Florestas mistas poderão resistir melhor às alterações climáticas

UTAD A Universidade de Vila Real coordena uma investigação sobre a floresta mista em Portugal, que defende que várias espécies de árvores juntas possuem uma maior capacidade de reagir num contexto de alterações climáticas e de sobreviver aos incêndios florestais. Estas são algumas das conclusões desta investigação que serão apresentadas num congresso internacional sobre florestas […]

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A Universidade de Vila Real coordena uma investigação sobre a floresta mista em Portugal, que defende que várias espécies de árvores juntas possuem uma maior capacidade de reagir num contexto de alterações climáticas e de sobreviver aos incêndios florestais.

Estas são algumas das conclusões desta investigação que serão apresentadas num congresso internacional sobre florestas e alterações que decorre entre quarta e sexta-feira e vai juntar cientistas de 23 países na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Domingos Lopes, do Departamento de Ciências Florestais e Arquitectura Paisagista, referiu que o projecto ‘Florestas mistas, modelação, dinâmica e distribuição geográfica da produtividade e da fixação de carbono nos ecossistemas florestais mistos em Portugal’ foi aprovado em 2006 e conta com financiamento de cerca de 200 mil euros.

De acordo com o inventário florestal nacional, actualmente a floresta em Portugal é essencialmente constituída por pinheiro (norte interior), eucalipto (litoral norte) e sobreiro (sul).

Os investigadores foram para o terreno estudar florestas já existentes e acompanhar povoamentos jovens para ver como eles vão reagindo num contexto de alterações climáticas.

«Fizemos análise de tronco para perceber ritmos de crescimento e de fixação de carbono nesses povoamentos, tentado comparar as potencialidades das árvores em monocultura ou conjugadas com outras espécies e chegamos à conclusão que quando estão em povoamento misto a sua capacidade de fixar carbono é superior», referiu Domingos Lopes.

Afirmou que «são florestas mais capazes de reagir a um contexto de alterações climáticas».

«As florestas, as árvores, são a maior máquina de fotossíntese que conhecemos e portanto é o processo natural que nós temos para tentar contrariar um dos principais motivos que justifica que o clima esteja a mudar e que é o aumento exponencial de concentração de CO2», sublinhou.

Portanto, acrescentou, «pelo facto de, com a fotossíntese retirarem CO2, as florestas estão a diminuir, a atenuar esse ritmo das alterações».

É também necessário apostar cada vez mais nos povoamentos mistos porque, salientou, são mais resistentes aos incêndios florestais.

«Numa zona de incêndio nota-se que o pinheiro pode desaparecer, mas que as folhosas, como os carvalhos, conseguem recuperar mais facilmente», frisou.

Este projecto, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, envolve quatro estabelecimentos de ensino superior e o Instituto Nacional de Recursos Biológicos.

Os participantes no congresso são provenientes de países como os Estados unidos da América (EUA), Canadá, México, Chile, Brasil, Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Suécia, Finlândia, Austrália, Nigéria, Irão ou China.

«Quisemos concentrar aqui investigadores de todo o mundo que estejam a estudos na área das mudanças de clima», referiu Domingos Lopes.


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