A apresentação do segundo CD do projeto “Língua” do agrupamento Noa Noa, formado por Filipe Faria (voz) e Tiago Matias (cordas dedilhadas) e centrado em músicas antigas e tradicionais cantadas em português, castelhano, mirandês, galego, asturiano, basco e catalão, abre hoje, dia 26 de novembro (às 21h30) a IV edição do Fora do Lugar – Festival Internacional de Músicas Antigas de Idanha-a-Nova. Até dia 12 de dezembro haverá lugar para diversos géneros de “música, histórias, passeios, conversas, troca de experiências e descoberta de lugares inesperados”, nas palavras do director artístico, Filipe Faria. “Trata-se de uma proposta virada para o país, para a Península Ibérica e para a Europa que pretende mostrar as potencialidades do mundo rural na inovação, criação e experiência cultural”, disse ao jornal PÚBLICO.
Resultado da parceria entre a produtora Arte das Musas e o Município de Idanha-a-Nova (com o apoio do Secretário de Estado da Cultura e da Direção-Geral das Artes), “este festival é a prova de como é possível produzir cultura num cenário onde muitos não concebem pensá-la neste moldes: o país perdido das pequenas aldeias quase desertas da região raiana”, explicou o diretor artístico. “A ideia foi chegar até onde mais ninguém se deu ao trabalho de ir”, acrescenta. Centrada nas “músicas antigas” e nas “músicas do mundo”, a programação aposta no diálogo entre conceitos que nem sempre se cruzam, nomeadamente os binómios de erudito/popular e antigo/contemporâneo. Para Filipe Faria, também conhecido do público como um dos fundadores do agrupamento Sete Lágrimas, “trata-se de ver as ‘músicas antigas’ como uma linha de continuidade criativa com milhares de anos e estimular novas leituras, diálogos e contaminações com a música de hoje. É um Festival de pedra e terra… com gente lá dentro!” Salienta ainda a importância que a iniciativa tem tido para a região e o seu reconhecimento através da recente atribuição do selo de qualidade europeu EFFE (Europe for Festivals, Festivals for Europe) e da nomeação para a categoria de Melhor Microfestival nos Portugal Festival Awards. Enquadra-se também no quadro de referência da candidatura de Idanha-a Nova à Rede das Cidades Criativas da UNESCO.
A presente edição é composta por seis concertos, seis atividades do serviço educativo para escolas, uma masterclass para alunos de música, quatro oficinas, quatro atividades que envolvem a natureza e uma experiência gastronómica. Entre os diversos músicos do panorama nacional e internacional da música antiga e de cruzamento, destaca-se a presença do cantor italiano Marco Beasley, cofundador com o cravista Guido Morini do prestigiado ensemble Accordone e um dos nomes de relevo da música antiga e dos seus diálogos com as tradições orais. No encerramento do festival, a 12 de dezembro, irá apresentar o programa Il Racconto Di Mezzanotte na antiga Sé de Idanha-a-Velha.
Antes disso, já no próximo sábado (28 de novembro), no Salão da Junta de Freguesia de Oledo, o agrupamento Caravana, dirigido por Eva Parmenter (concertina e voz), propõe uma Viagem sem Fronteiras com danças de vários quadrantes e a 4 de dezembro, em Monsanto, o duo Quintana (República Checa/Itália) apresenta o programa Ecos do Mediterrâneo com melodias das tradições sefardita e árabe e tarantelas do Sul de Itália.
Dia 5, na Aldeia de Santa Margarida, será a vez do espanhol Emilio Villalba, instrumentista polivalente, intérprete de alaúde medieval, santur e sanfona, evocar através da música A Viagem de Hasday, uma das personalidades da história medieval da Andaluzia, e no dia 11 (no Centro Cultural Raiano de Idanha a Nova) o guitarrista Pedro Jóia e o Quarteto Arabesco propõem o concerto Paixão Ibérica, que combina a interpretação em instrumentos de época com a improvisação num repertório diversificado que inclui música de Boccherini, Carlos Paredes, Armandinho, Pedro Jóia e Paco de Lucia.
Todos os concertos são de entrada livre, sujeita à lotação das salas. Programa detalhado aqui.