Festival em Fornos de Algodres alerta para a preservação dos burros

A aldeia de Vila Ruiva, no concelho de Fornos de Algodres, acolheu este domingo um festival dedicado aos burros, que pretendeu contribuir para a preservação destes animais que estão em vias de extinção.

No “Spring Burros Fest”, organizado pela primeira vez pela União das Freguesias de Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão, estiveram presentes cerca de dez animais da raça asinina que ainda subsistem naquelas localidades.O evento, realizado no recinto da unidade hoteleira de Vila Ruiva do INATEL, atraiu algumas dezenas de moradores e de visitantes que reconheceram a necessidade de os mais novos apostarem no regresso dos burros aos campos, para utilização nas tarefas agrícolas.Manuel Paraíso, presidente da Junta de Freguesia explicou à agência Lusa que a iniciativa, que centrou as atenções nos animais da raça asinina, foi organizada com o objetivo de alertar as pessoas para a proteção daqueles animais.O autarca lembrou que no passado, só na extinta freguesia de Juncais, existiram 14 burros e hoje apenas restam quatro.Os burros deixaram de ser utilizados pelos agricultores devido ao aparecimento dos tratores, mas reconhece que a sua manutenção seria mais económica, tendo em conta o preço dos combustíveis e também pelo facto de, com os seus excrementos, contribuírem para a fertilização dos solos.Manuel Paraíso apela aos jovens que se estão a instalar nas freguesias rurais para que “olhem para este animal como um animal de interesse”.José Sousa, de 42 anos, residente em Vila Ruiva, que possui o único burro que existe na localidade, assegura que o jerico faz “a mesma vez do trator”, pois nele transporta “tudo o que se produz na agricultura”.O agricultor lembra que a terra já teve “muitos burros e cavalos”, que desapareceram com o envelhecimento dos proprietários e com a mecanização da agricultura.Quem visitou o “Spring Burros Fest” ficou a par das mais-valias proporcionadas pelos animais e de algumas preocupações que exigem no dia-a-dia.As explicações foram dadas por Manuel Campeão, ferrador da Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino, que garantiu a necessidade de os animais serem saudáveis e de terem “bons sapatos”.”O burro tem que ter uns bons sapatos, significa ter uns cascos bons. Podemos ter o animal mais bonito do mundo, mas se tem os cascos maus, o animal não anda”, justificou.Os visitantes deram nota positiva ao evento que incluiu, entre outros momentos, uma exposição, animação musical e um almoço solidário, cujas receitas reverteram para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Fornos de Algodres.”É meritório e deveria haver mais iniciativas deste género, para perseverar esta raça, porque está em vias de extinção”, declarou Domingos Bastos, residente em Espinho.Helena Campos, que viajou de Mogadouro, disse que o festival que centrou as atenções nos burros é “importante” para preservar os animais e para a dinamização das aldeias envolvidas no projeto.


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