Faltam ortopedistas e não só no hospital da Guarda

Doentes tiveram de ser encaminhados para o hospital de Viseu por falta de especialistas na urgência.

A situação de rutura que ocorreu na segunda-feira no serviço de urgência do hospital da Guarda devido à falta de ortopedistas há muito que se adivinhava. Nesta especialidade, o quadro é escasso e particularmente envelhecido. O médico mais novo saiu no final de 2014 para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Com apenas quatro ortopedistas no quadro e um quinto elemento reformado a prestar 20 horas de serviço semanais na urgência, o hospital da Guarda foi obrigado a reencaminhar uma dezena de doentes para o hospital de referência, que, neste caso, que é o hospital de Viseu. O hospital da Guarda também tem vindo a enviar para Viseu doentes da área da cardiologia.

De acordo com relatos feitos ao PÚBLICO, o serviço de cardiologia do hospital da Guarda conta apenas com três especialistas e “há muitos dias em que a urgência geral fica a descoberto e o internamento entregue à enfermagem”. O hospital tem uma unidade de cuidados intensivos para doentes coronários a funcionar 24 horas por dia sem dispor de um médico residente. “É uma situação inacreditável e é provável que a Ordem dos Médicos não tenha conhecimento desta situação”, disse fonte clínica.

Há falta crónica de cardiologistas junta-se a escassez de ortopedistas, situação que levou a administração do hospital a contratar ao CHUC três médicos daquela especialidade que vão reforçar ainda este mês a equipa de urgência. Paralelamente, o hospital abriu um concurso para a contratação de mais um ortopedista para o quadro e, segundo o diretor clínico, Gil Barreiros, vai também contratar mais um médico reformado para trabalhar 20 horas semanais na urgência. O diretor clínico reconhece que este reforço não terá efeitos imediatos: o processo de contratação de novos médicos é complicado e moroso, pelo que só dentro de seis meses a urgência do hospital da Guarda poderá contar com mais este elemento.

“Teoricamente temos a urgência assegurada praticamente até ao fim do mês, embora haja um ou outro dia ainda a descoberto”, diz o diretor clínico, que admite que situações idênticas possam quando um dos médicos adoecer ou iniciar as férias.

A situação que se vive no serviço de radiologia é considerada como a “mais dramática e a mais antiga”. Um clínico, que solicitou o anonimato, assegurou ao PÚBLICO que, “em 90% dos dias, o Hospital da Guarda não tem um radiologista a tempo inteiro no serviço de urgência”. Esta situação tem implicações noutros serviços e obriga a que os doentes sejam enviados para os hospitais de Castelo Branco, Covilhã, Coimbra e Viseu e também para instituições privadas de imagiologia, solução que custa “muito dinheiro” aos cofres do hospital da Guarda.


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