Eurogrupo muda discurso sobre Portugal

As palavras de confiança passaram a comparações com a Grécia e a admissões de que o resgate português se pode arrastar.Há um antes e um depois da intervenção de Cavaco Silva e isso ficou já hoje vincado na entrevista do presidente do Eurogrupo a vários jornais europeus. Jeroen Dijsselbloem afirmou que ainda é cedo para […]

As palavras de confiança passaram a comparações com a Grécia e a admissões de que o resgate português se pode arrastar.Há um antes e um depois da intervenção de Cavaco Silva e isso ficou já hoje vincado na entrevista do presidente do Eurogrupo a vários jornais europeus. Jeroen Dijsselbloem afirmou que ainda é cedo para saber se Portugal vai conseguir terminar o programa de ajuda, previsto para terminar em Junho do próximo ano, por causa da instabilidade política no País. Até ontem o discurso do Eurogrupo dava como certo, pelo menos oficialmente, o fim do programa português dentro do prazo previsto, admitindo contudo apoios adicionais para ajudar ao regresso aos mercados. Ainda no início da semana, após um encontro onde participou a nova ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, Dijsselbloem saudou o compromisso político em Portugal com o entendimento entre Passos Coelho e Paulo Portas “para manter a estabilidade do Governo”, considerando este acordo um ponto essencial para “continuar os bons resultados” e manter o “forte compromisso com o programa de ajustamento”. Agora, citado pelo alemão Süddeutsche Zeitung, as palavras são outras: “Ainda é muito cedo para se poder dizer se Portugal vai conseguir acabar o programa. Depois dos últimos meses, das turbulências políticas e da consequente agitação nos mercados financeiros, todos estão um pouco mais cautelosos ao fazer prognósticos”.
O presidente do Eurogrupo considera ser “prematuro dizer que Lisboa vai deixar o programa” e deixou a porta aberta para vários cenários no pós-troika em Portugal. “Uma linha de crédito preventiva por parte do mecanismo de resgate é uma opção, mas ainda é cedo. Se for necessário, é possível algum tipo de programa preventivo”, declarou o responsável, citado pelo El País. Dijsselbloem diz mesmo que, atualmente, a perspectiva de a Irlanda concluir o programa é mais forte do que a de Portugal e isto deve-se aos riscos políticos. “O maior risco da Europa é a instabilidade política. Cada vez que há instabilidade política paralisam-se as reformas: vimos isto na Grécia, em Portugal e em Itália”, frisou.


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