Estudo identifica mais de 500 marcas judaicas no concelho de Seia

Um estudo sobre a presença judaica em todas as aldeias do concelho de Seia, que ficará concluído dentro de quinze dias, já permitiu identificar “mais de 500 marcas”. O estudo está a ser realizado por Alberto Martinho, professor universitário e empresário, por José Levy Domingos, historiador, jornalista, judeu membro da Comunidade Judaica Portuguesa e fundador […]

Um estudo sobre a presença judaica em todas as aldeias do concelho de Seia, que ficará concluído dentro de quinze dias, já permitiu identificar “mais de 500 marcas”.
O estudo está a ser realizado por Alberto Martinho, professor universitário e empresário, por José Levy Domingos, historiador, jornalista, judeu membro da Comunidade Judaica Portuguesa e fundador da Associação de Amizade Portugal-Israel, e por Luiza Metzker Lyra, estudiosa e investigadora da presença judaica no interior do país. Alberto Martinho disse que o estudo «abrange todas as aldeias do concelho de Seia» e consiste no levantamento dos testemunhos e inscrições atribuídos aos judeus e cristãos-novos, com o objetivo de valorizar aquele património «em termos culturais, sociais e turísticos». A inventariação de cruciformes e outras marcas apostas nos umbrais das portas das casas tradicionalmente conhecidas e tidas como sendo de judeus e cristãos-novos já permitiu identificar «casos de representações de candelabros (menorás e hanukias, respetivamente de sete e nove braços), pentagramas e hexagramas, painéis de cruciformes associados a nomes e profissões», assinalam os autores do estudo. «Só a aldeia de Santa Marinha tem mais de 42 casas com marcas de presença judaica, representando assim um número superior ao de Trancoso», apontou Alberto Martinho. Os investigadores consideram que «os dados e elementos até agora recolhidos associados aos processos do Tribunal do Santo Ofício ou Inquisição referentes ao concelho de Seia são elucidativos sobre a presença dos judeus nesta região e concelho onde estavam intimamente ligados ao comércio e indústria, ofícios e ‘mesteiras’, mas também dos que viviam da sua fazenda, proprietários agrícolas, tratantes, mercadores, entre outros». «Tudo está lá: as casas, os sinais, as tradições orais, as histórias, os ditados populares, o património monumental e artístico ligado às terras onde existe herança judaica», assinalam, admitindo que os elementos já recolhidos permitem «caracterizar a vida social e económica das povoação naquele tempo». A criação de um Eco-Museu da Herança Judaica no concelho de Seia é um dos objetivos da iniciativa patrocinada pelo conjunto turístico Quinta do Crestelo – Serra da Estrela, segundo Alberto Martinho. «Determinamos as coordenadas com o GPS e elaboramos um pequeno manuscrito e qualquer pessoa poderá, com o GPS, encontrar as marcas» no terreno, explicou o responsável. Os promotores do estudo também admitem a criação de um circuito turístico que envolva a «corda norte da Serra da Estrela», para que os visitantes possam usufruir do património judaico existente naquela região do distrito da Guarda. «Desafiamos a Câmara Municipal de Seia a tornar-se parceira neste projeto», concluiu Alberto Martinho.

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