Estradas fechadas devido à neve prejudicam negócio na Serra da Estrela

O fecho das estradas de acesso ao maciço central da Serra da Estrela, devido à queda de neve, prejudica o negócio na região, disseram à agência Lusa alguns comerciantes do Sabugueiro, no concelho de Seia.

Os empresários da “aldeia mais alta de Portugal”, situada a 1.050 metros de altitude, afirmam que, quando a estrada de acesso à Torre está interdita à circulação rodoviária, isso “é mau” para todos os negociantes da região.

“É sempre mau para o negócio estarem as estradas fechadas”, disse o comerciante Pedro Branquinho, que tem estabelecimentos no Sabugueiro e também no centro comercial da Torre, no ponto mais alto de Portugal continental.

Quando as vias fecham, quem vive do negócio na Torre está “sempre a perder dinheiro” e no Sabugueiro apenas trabalha “mais um bocadinho”.

“As pessoas também ficam desiludidas e vão-se embora mais rapidamente, porque não conseguem estar mais tempo aqui, porque querem sempre aceder ao ponto mais alto de Portugal, que é à Torre, e o Sabugueiro fica um bocadinho mais abaixo”, justificou o homem, que possui lojas de vendas de artigos regionais e um restaurante numa das entradas daquela povoação.

Andreia Ramos, que vende produtos para os turistas, também se queixa do pouco movimento no seu estabelecimento que fica situado junto da estrada principal.

As pessoas “compram em todo o lado” e se forem à Torre “dividem-se mais, mas não quer dizer que o negócio seja muito melhor cá em baixo [no Sabugueiro] no dia em que a estrada esteja fechada, porque não é”, assegurou.

O comerciante António Maximino, também estabelecido na rua mais movimentada do Sabugueiro, disse à Lusa que o corte na circulação rodoviária “é mau para todos os comerciantes” pois não passam por ali os turistas vindos da Covilhã e de Manteigas.

“Com a estrada fechada, a loja está a zero, mas as pessoas que nos orientam, ou que nos governam, pensarão o contrário, porque não estão no sítio”, disse, lamentando que o cenário se repita anualmente e que “ninguém” olhe para a situação.

Segundo o empresário, se as vias estiverem sempre transitáveis, os negociantes daquela freguesia de Seia têm “sempre clientes”, ao contrário do que acontece com os acessos encerrados.

Maria da Conceição Pereira, de 85 anos, uma das comerciantes mais antigas daquela localidade serrana, também lamenta o atual cenário: “Noutro tempo, vendia muito, agora não vendo nada, [os turistas] passam, não têm ‘leca’ [dinheiro], não compram”.

A mulher lembra que no passado vendia muito, pois os visitantes “levavam muito queijo e muita coisa”.

Atualmente, a idosa diz que não vende “nada” e os passantes “só vão a quem é grande” e quando compram “é só um bocadinho”.

Para alterar o atual cenário, os empresários do Sabugueiro propõem o reforço dos meios de limpeza de neve e a colocação de equipamentos nos bombeiros de Seia, de Manteigas e da Covilhã para apoio ao centro de limpeza dos Piornos.


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