(incêndios)
É recorrente nesta altura do ano falar sobre o flagelo dos incêndios. O passado ano foi de má memória no nosso distrito, nomeadamente no concelho do Sabugal a registar um dos maiores incêndios, em área ardida em 2009.
Quando parece que já não há mais nada para arder chegam os directos das televisões e as notícias dos jornais e revistas para nos devolver à triste realidade; a degradação do nosso património natural.
É certo que os elementos e factores do clima condicionam a deflagração e propagação dos incêndios. Os especialistas do sector previam mesmo condições propícias para este ano. Choveu muito no Inverno e Primavera, seguido de calor, o que originou que crescesse muita erva que com o calor que ultimamente se tem feito sentir produziu materiais facilmente combustíveis.
Apesar de as condições climatéricas ajudarem, a verdade é que há muita incúria humana nas desgraças que os incêndios provocam. Nas actuais circunstâncias qualquer faísca, por exemplo o trabalho de uma máquina junto de matéria morta, pode ser o rastilho para um grande incêndio.
Embora não se possam prever e evitar todas as situações, a verdade é que as circunstâncias aconselham cautela, no sentido de minimizar situações indesejáveis que sempre acabam por acontecer. É por isso que se pede o máximo cuidado a todo e qualquer cidadão no uso do fogo; seja com um simples cigarro, seja a fazer um churrasco ou, como atrás referimos, a trabalhar com máquinas que possam libertar faíscas.
Até ontem [segunda-feira] estava ‘a folha quase limpa’ na nossa região. Infelizmente o mesmo já não se pode afirmar agora, pois são já várias as ocorrências.
Associadas às condições naturais, atrás referidas, estão, também, questões que se prendem com a falta de limpeza das florestas, um dos nossos importantes recursos. Frequentemente se diz que as pessoas que recebem o Rendimento Social de Inserção poderiam dar um contributo para a preservação destes recursos. Há quem diga que isso é um insulto, mas noutros países procede-se desse modo, responsabilizando as pessoas e tornando-as úteis à sociedade. Em vastas regiões de Portugal a estrutura das propriedades baseia-se numa grande divisão, a que o fogo não dá importância. Por outro lado, muitos dos proprietários não têm força, por serem idosos, nem dinheiro, porque a terra foi madrasta, para limparem os seus campos e florestas. Acresce que se desenvolveram políticas de abandono da terra, o que originou uma grande dependência de bens face ao exterior e a proliferação de matagais.
Como vemos, pelo que atrás salientámos, estão criadas todas as condições para mais um ano terrível, por muitos que sejam os meios de combate aos incêndios. Prevenir é sempre melhor que remediar, como diz o Povo. Contudo, e isso tem já a ver com a coordenação de meios, a pronta intervenção no combate ao fogo é fundamental. Não vale a pena retirar importância a qualquer deflagração – até o maior incêndio começou por ser uma simples fogueira. É sempre preferível fazer deslocar homens e meios, como os helicópteros, no início que ‘ver arder’ depois.
Estava tudo a correr tão bem. Vamos todos fazer um esforço para não dar notícias à comunicação social. Notícias dessas dispensam-se.
Por: António de Andrade Pissarra