Empresários dizem que eventual redução das portagens na A23 "peca por tardia”

O diretor-geral da Scutvias, concessionária da A23, revelou na quinta-feira que a empresa está a negociar com o Estado a mudança do regime de concessão da A23 de modo a permitir a redução do valor das portagens.

O Movimento Empresários Subsistência do Interior considerou hoje que o anúncio de uma eventual redução do valor das portagens na autoestrada da Beira Interior (A23) é uma “medida que peca por tardia”. Em declarações à agência Lusa, Luís Veiga, porta-voz do movimento formado depois de a ex-Scut ter sido portajada, mostrou-se “moderadamente satisfeito com o que poderá ser uma boa notícia”, mas também apresentou algumas “cautelas e reservas” quanto à aplicação da mesma. “Se vier a concretizar-se [a redução do valor das portagens] é medida que peca por tardia, porque será uma decisão para consumar durante o ano, mas não se sabe quando, e entretanto todo o mal já foi feito”, sublinhou. O diretor-geral da Scutvias, concessionária da A23, revelou na quinta-feira que a empresa está a negociar com o Estado a mudança do regime de concessão da A23 de modo a permitir a redução do valor das portagens. Atualmente, no país há dois regimes de concessão: um que é o disponibilidade, em que a empresa recebe consoante a disponibilidade da infraestrutura e independente do tráfego que circula, e outro em que os custos e operacionais ficam a cargo e risco da concessionária. A Scutvias pretende optar pela última hipótese e promete baixar o valor das portagens, o que “depende sempre da aprovação do Estado português”. O porta-voz do movimento recordou que a introdução das portagens nas ex-Scut foi “altamente negativa para a região do Interior”, porque contribuiu para “eliminar muitas empresas”, bem como para a “deslocalização de outras para o Litoral”. “O mal está feito e durante os últimos dois anos a região esteve, e está, a definhar por causa dessa decisão que é antieconómica e não sabemos, sequer, se a nova medida chegará a tempo de mudar alguma coisa, apesar de termos sempre esperança de que isso aconteça”, referiu. Luís Veiga também assumiu “cautelas e reservas” quanto ao novo modelo de negócio a aplicar na concessão da A23, por desconhecer “quando e como” é que o mesmo será aplicado. “Para nós, isto é uma incógnita, porque não sabemos como é que essa redução vai ser aplicada. Não sabemos se é por quilómetro, se é por tempo. Enfim, temos de esperar para ver o que é que isto implica e se trará efetiva redução de custos”, disse. Estes empresários explicaram ainda que desconhecem se a “ideia peregrina” de colocar pórticos em cada saída e entrada é para avançar, mas defendem que tal não deveria acontecer. O facto de a medida poder ficar restrita a essa autoestrada é outra das questões que preocupa o movimento de empresários, que defende que a redução dos preços deveria abranger todas as vias estruturantes para o Interior. “Para nós, é igualmente preocupante que as restantes autoestradas da região, designadamente a A25, mantenham os preços, mantendo assim esta região com um nível de competitividade muito baixo face a outras áreas do país”, disse.


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