Emigrantes transferem menos dinheiro para a região

As remessas dos emigrantes na região perderam expressão e caíram quase 39 por cento em dez anos. Os depósitos de emigrantes aumentaram em 2011, depois de uma década com quebras acentuadas. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), foram depositados nesse ano mais de 405 milhões de euros nos bancos do distrito da Guarda, […]

As remessas dos emigrantes na região perderam expressão e caíram quase 39 por cento em dez anos.
Os depósitos de emigrantes aumentaram em 2011, depois de uma década com quebras acentuadas. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), foram depositados nesse ano mais de 405 milhões de euros nos bancos do distrito da Guarda, o que representa uma subida de 8 por cento face a 2010, e menos 34 por cento do que em 2000. Todavia, o panorama da última década não augura alterações significativas nesta trajetória, o que influencia diretamente a economia de uma zona com tradição na emigração. Para Pires Manso, professor catedrático na Universidade da Beira Interior (UBI), «isto é preocupante não só para a região, mas para o sistema bancário nacional, que vai investir este dinheiro». O docente do Departamento de Gestão e Economia lembra a importância das remessas que, até aos anos 90, ajudavam a «equilibrar com as contas externas. O escudo estava desvalorizado e os emigrantes deixavam aqui “rios” de dinheiro», recorda. A moeda única «não ajuda em nada» Portugal, já que «não temos moeda para desvalorizar», salienta Pires Manso. De um total de 16 concelhos da Beira Interior, apenas Vila Nova de Foz Côa e Aguiar da Beira se encontravam no “verde” em 2011, com mais 1.249 e 2.503 milhões de euros depositados, respetivamente, do que no primeiro ano deste século. Os concelhos com perdas mais significativas são a Guarda (menos 41.517 milhões de euros) e Castelo Branco (menos 34.064 milhões). No distrito da Guarda, após uma quebra de 37 por cento durante a última década, o ano de 2011 também registou um aumento, com mais 7 por cento nas quantias depositadas pela população emigrante. Por seu lado, a Cova da Beira e Castelo Branco tiveram uma descida de quase 40 por cento entre 2000 e 2010, com uma subida de 9 por cento em 2011. O futuro é uma incerteza, mas Pires Manso não acredita em inflexões consideráveis. «Os jovens emigrantes não deverão transferir dinheiro para aqui, uma vez que Portugal não é atrativo», considera o professor da UBI. Isto porque as taxas de juro e os impostos influenciam na hora de transferir o dinheiro para a região, sobretudo havendo países com valores mais favoráveis. Porém, o comportamento dos “novos” emigrantes poderá alterar estas contas. «O aumento em 2011 não é significativo, mas pode ser já resultado do surto recente de emigração, do qual ainda não conhecemos os efeitos», adianta o economista.
A descida no concelho da Guarda
Os quase 100 milhões de euros depositados por emigrantes na Guarda em 2000 «surpreenderam» Pires Manso, que recorda o peso das remessas no mercado habitacional da cidade. «Os emigrantes tinham uma grande capacidade de aquisição e muitos compraram casa para os filhos», sublinha. Quanto à quebra registada, que acompanha a trajetória da região, «é também resultado do fecho de empresas importantes, pois as notícias espalham-se e faz com que o concelho seja colocado em dúvida por quem está lá fora», defende o docente.

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