Jóni Brandão é o primeiro vencedor do Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela

O ciclista português Jóni Brandão (Efapel) inscreveu este domingo o nome na primeira linha do palmarés do Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela, ao vencer a terceira e última etapa da primeira edição da prova.

O vice-campeão da última Volta a Portugal respondeu ao soberbo trabalho da Efapel, atacando na subida para as Penhas da Saúde e ‘descarregando’ o espanhol Sergio Pardilla (Caja Rural) nos quilómetros finais, para chegar isolado ao alto e, assim, arrebatar a amarela final.

“Tínhamos como objetivo vencer esta competição e a equipa trabalhou desde o primeiro dia para mim. Hoje, arranquei logo no início da subida, levei comigo o Pardilla e começámos a atacar à vez. Consegui distanciar-me alguns metros e vim a ‘tope’ até aqui acima”, descreveu Brandão que, na aproximação à meta, teve tempo para fechar o equipamento, erguer os braços no ar e, cruzado o risco, erguer a bicicleta no ar, antes de se afundar num abraço com os seus companheiros de equipa.

Antes da partida para a terceira e última etapa, nada estava decidido – o vencedor era ‘apenas’ oitavo, na classificação liderada pelo italiano Luca Wackermann (NASR-Dubai), mas o permanente carrossel dos 194,1 quilómetros entre a Guarda e as Penhas da Saúde incentivava a movimentações na corrida e alguns dos grandes agitadores do 1.º Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela não desiludiram.

Estavam decorridos apenas cinco quilómetros quando Eduard Prades (Caja Rural), o primeiro camisola amarela da história da prova beirã, David de la Fuente (Sporting-Tavira), Ricardo Vale (Rádio Popular-Boavista), Samuel Caldeira (W52-FC Porto), Diego Milán (Inteja-MMR Dominican) e Thomas Baylis (One Pro Cycling) saltaram do pelotão.

Nos longos 27 quilómetros de subida à Torre, onde estava colocada uma contagem de primeira categoria, o sexteto da frente, que chegou a ter 02.30 minutos de vantagem, desmembrou-se, com Milán e Baylis a serem os primeiros a descolar.

Vindo de trás, José Mendes (Seleção Nacional) ultrapassou todos, um a um, para passar sozinho no alto e iniciar a descida para Manteigas com mais de um minuto de vantagem para Raúl Alarcón.

O ciclista espanhol da W52-FC Porto tentou, pelo terceiro dia consecutivo, vencer uma etapa e subir ao pódio por outro motivo que não fosse vestir a camisola das metas volantes, e, já depois de alcançar o ‘internacional’ da Bora-Argon 18, graças a uma descida de ‘loucos’, isolou-se ao quilómetro 169, deixando Mendes à mercê da perseguição da Caja Rural.

No sopé das Penhas da Saúde, assomaram à cabeça de corrida Sergio Pardilla, Brandão e o colega Henrique Casimiro (Efapel), Heiner Parra (Boyacá), que se juntaram ao exausto Alarcón. Seria precisamente o ‘dragão’ o primeiro a ‘afundar-se’ nos dez quilómetros da subida até à contagem de primeira categoria, mas outros se seguiriam até o duo luso-espanhol ficar sozinho na frente.

Aí, o astuto ciclista de Santa Maria da Feira fez valer o seu grande momento de forma e o conhecimento do local para dar a ‘machadada’ final na tática da Caja Rural, que pretendia sair da prova beirã com a vitória, além das duas etapas conquistadas nos dias anteriores.

Brandão, que cumpriu a terceira tirada em 05:19.49 horas, foi 37 segundos mais rápido que Pardilla, segundo também na geral, a 43 segundos do corredor da Efapel. Em terceiro na tirada, ficou Edgar Pinto (Skydive Dubai), que fez a escalada em solitário para chegar a 01.29 minutos do vencedor e para fechar o pódio da geral individual.

“Naturalmente que este resultado me dá confiança para a Volta, assim como o pódio em Castela e Leão [foi terceiro, numa prova ganha pelo espanhol Alejandro Valverde]. Estes resultados são importantes”, assumiu Brandão que, aos 26 anos, é a maior esperança portuguesa para vencer a Volta a Portugal.

Falando em Volta, destaque para o abandono de Gustavo Veloso (W52-FC Porto) – foi um dos 41 desistentes na jornada deste domingo -, o bicampeão da prova rainha do calendário nacional, que em meados de maio continua a somar apenas oito dias completos de competição.


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