Habitante de aldeia de Gouveia tem museu dedicado à carpintaria

Um homem de 75 anos instalou um museu dedicado à carpintaria no rés-do-chão da sua casa de habitação, na aldeia de Melo, Gouveia, para mostrar aos turistas e aos jovens como era antigamente aquela arte.

Luís Filipe Gonçalves, reformado do ramo automóvel e investigador histórico autodidata, abriu as portas do Museu Etnológico de Melo, exclusivamente dedicado à arte do carpinteiro, no dia 01 de maio de 1999.

“Estão aqui registadas 252 peças, todas elas diferentes”, e na região não há outro museu “com tanta quantidade de peças” de carpintaria, disse Luís Filipe Gonçalves à agência Lusa.

O reformado explicou que decidiu criar o museu no espaço onde anteriormente funcionou um pequeno café, para mostrar aos turistas e às novas gerações como era o artífice de carpinteiro, que ainda chegou a exercer quando tinha 17 anos.

“É um museu, pelo menos, para mostrar às novas gerações aquilo que na realidade foi a arte de carpinteiro. Eu também estive algum tempo nesta área e sempre ficou [em mim] a ideia de mais tarde poder fazer esta recolha, como de facto, aconteceu”, disse.

Algumas das peças que exibe no seu museu particular foram adquiridas, mas dá conta da existência de algumas, “em menor número”, que foram oferecidas.

“Aqui em Melo e na região, como digo, é um exemplo, que eu aqui tenho para mostrar às novas gerações”, justificou, dizendo que os mais novos estão afastados “de tudo isto”, preferindo telemóveis e computadores.

Segundo Luís Filipe Gonçalves, o museu já foi visitado, desde a data da abertura, por mais de 3.000 pessoas de vários pontos do país e do estrangeiro.

Contou que os visitantes “ficam muito surpreendidos, porque têm sempre familiares que trabalharam” no setor da carpintaria “e conhecem algumas peças” expostas.

No espaço museológico podem ser apreciadas várias ferramentas relacionadas com a arte de trabalhar a madeira, que eram utilizadas desde o corte das árvores até à execução do produto final.

Existem secções de serras e de serrotes, arcos de pua, plainas, esquadros, macetas, formões, grosas, fitas métricas, grampos, réguas, machados, martelos, etc.

De todas as peças exibidas, o reformado assinala algumas que utilizou quando trabalhou como carpinteiro, dando especial destaque a uma ‘juntoura’ [junteira], uma espécie de plaina grande que era utilizada para abrir juntas na madeira.

No Museu Etnológico também expõe pequenos trabalhos criativos que executa no dia-a-dia com restos de madeira e miniaturas de construções em madeira alusivas à aldeia de Melo, como réplicas da sua casa de habitação, da Casa da Câmara, do pelourinho, do tronco do ferrador e da capela da Misericórdia.

Luís Filipe Gonçalves exibe ainda duas plainas em madeira – uma com quatro metros de comprimento e outra com quatro milímetros – que construiu em 2011 para concorrer ao livro Guinness dos Recordes.

O museu da aldeia de Melo, terra aldeia natal do escritor Vergílio Ferreira, está aberto diariamente e é de visitação gratuita.


Conteúdo Recomendado