Biblioteca da Universidade da Beira Interior põe covilhanenses a "caçar" livros

Partindo do jogo “Pokémon Go”, a equipa de difusão da Biblioteca da Universidade da Beira Interior (UBI) lançou o “Book Go”, uma iniciativa que desafiou os covilhanenses a encontrarem livros espalhados por vários pontos da cidade, divulgando as obras e a zona histórica da Covilhã. Depois do sucesso da iniciativa, a ideia é alargar o projeto à região, em parceria com outras bibliotecas.

“A ideia surgiu a partir do “Pokémon Go”. A partir daqui, construímos um conceito que foi, através da marcação de locais na cidade onde iríamos distribuir os livros, “substituir” os bonecos do Pokémon por livros”, explica João Videira, um dos técnicos da equipa de difusão da Biblioteca da UBI.

Para os interessados poderem participar, foi lançado um mapa detalhado na página de Facebook da Biblioteca da UBI. “Basta as pessoas estarem atentas, irem aos locais e fotografarem o momento, até para termos feedback. Dentro de cada livro está uma pequena mensagem que pede para as pessoas, se possível fotografarem e enviarem-nos para a nossa página do Facebook”, refere João Videira. “Mas também não é obrigatório que o façam, o mais importante é que a iniciativa sirva de divulgação cultural. Nesse sentido, a aposta já está ganha, até porque estamos a ter feedback de bibliotecas de Lisboa e do Porto, que nos contactaram e vão tirar proveito do conceito que nós iniciámos aqui”, revela o técnico da Biblioteca da UBI.

“A ideia é apresentarmos um produto cultural, divulgá-lo para as pessoas levarem pro bono e lerem. Isto não substitui o “Pokémon Go”, mas acaba por criar uma alternativa para outro tipo de público”, considera.

De resto, o desafio foi divulgado na passada quinta-feira, dia 28 de julho, e passado para o terreno no dia seguinte, e em poucas horas os 12 livros espalhados por 12 pontos diferentes da cidade foram encontrados pelos covilhanenses. Os livros escolhidos para o “Book Go” foram todos provenientes de uma outra iniciativa já praticada na Biblioteca da UBI – o “Book Exchange” -, em que os leitores deixam na biblioteca os livros que já tenham lido e podem levar outros que se encontrem no local e que lhes suscite interesse.

“A iniciativa foi um sucesso, pelo que a ideia é continuar e alargar institucionalmente a outras bibliotecas e partilhar, em simultâneo, a iniciativa, que assim pode ter ainda mais projeção, até porque a Biblioteca da UBI está inserida na Rede Intermunicipal de Bibliotecas da Beira e Serra da Estrela (RIBBSE). Portanto, vamos propor também a esse grupo uma “caça” aos livros alargada”, adianta a responsável da Biblioteca da UBI. Sandra Pinto defende que “a Biblioteca tem que sair dos muros da UBI” e lembra que “já na primavera, no Dia do Livro, colocámos livros no bar “Biblioteca”, no jardim público, para as pessoas levarem e para “ensaiarmos” para atividades futuras a desenvolver em vários estabelecimentos comerciais da cidade”.

A intenção da equipa de difusão da Biblioteca da UBI é dar continuidade a este projeto, “à partida, já para setembro”, revela Sandra Pinto. “Desta vez, em vez de 12, a atividade está projetada para ter 20 pontos diferentes ao longo da cidade, e não só na zona histórica”.

“Ao início pensei que fosse para os apanhados”

Paulo Conceição foi o primeiro covilhanense a enviar a fotografia com o livro encontrado para o Facebook da Biblioteca da UBI. Proprietário de uma loja de instrumentos na zona histórica da Covilhã, foi a caminho do comércio que se deparou com o livro “Conscientização”, de Paulo Freire, junto à janela manuelina recentemente colocada na rua 1º de Dezembro, nas traseiras da Câmara Municipal da Covilhã.

“Quando vinha a descer a rua, vi o livro junto à janela manuelina e ao início pensei que fosse para os apanhados. Depois de tomar café, ao regressar à loja, é que reparei que provavelmente não fosse para os apanhados e tive a curiosidade de abrir o livro e ver. Quando abri o livro e li a mensagem, participei de imediato e acho que estas ideias têm que ficar e que ter continuidade, porque é muito original”, considera.

“Fiquei bastante surpreendido. Agora anda aí essa onda dos Pokémons, que não traz cultura para ninguém, mas esta ideia achei espetacular. Por isso é que também fotografei o livro e enviei para o Facebook da Biblioteca da UBI”, sublinha. Paulo Conceição considera que a iniciativa é “muito positiva para as pessoas caminharem pelo centro histórico e para divulgar a cultura, neste caso, através da literatura. Hoje em dia não se lê muito e esta é uma forma das pessoas lerem. Eu quando tiver um tempo livre, já vou ler este livro que encontrei”, garante.


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