Covid-19: Produtora de cavacas tradicionais de Pinhel passou a trabalhar por encomenda

A atual crise alterou por completo o seu método de trabalho, pois deixou de produzir para estabelecimentos comerciais e para o posto de turismo local, e apenas labora por encomenda.

A pandemia da covid-19 levou a única doceira de Pinhel, que confeciona as tradicionais cavacas com base numa receita com centenas de anos, a adaptar a produção e a trabalhar exclusivamente para satisfazer as encomendas.

Maria da Conceição Dias, de 74 anos, é a única doceira de Pinhel, no distrito da Guarda, que confeciona cavacas com base numa receita ancestral que pertenceu às freiras da Ordem de Santa Clara [Clarissas] que residiram naquela cidade.

A mulher faz os doces típicos, que têm muita procura ao longo de todo o ano, há mais de 30 anos, e não se recorda de viver um momento “tão difícil” como o atual.

A unidade de produção de cavacas, bolas doces, biscoitos e bolos esquecidos esteve parada entre os dias 11 de março e 08 de abril, tendo retomado a atividade na semana da Páscoa, após “muitos pedidos” de consumidores locais.

Maria da Conceição Dias disse à agência Lusa que, nesta Páscoa, a venda dos doces que confeciona esteve “muito longe” dos anos anteriores, admitindo que comercializou “um quarto” daquilo que era costume, um prejuízo “muito grande”.

“Nos anos anteriores, estava sempre a trabalhar e nem me apercebia do que vendia, mas vendia mais quatro ou cinco vezes do que este ano. Nunca na minha vida assisti a uma coisa destas. Nos anos anteriores, nesta quadra, havia sempre falta de cavacas e não costumava fazer mais nada. Este ano, até deu para fazer biscoitos e bolas doces, mas pouco se vendeu”, esclareceu.

Disse ainda que todas as vendas, que foram feitas por encomenda, por pessoas residentes na cidade de Pinhel e em aldeias do concelho, foram levantadas diretamente pelos consumidores na unidade de produção.

Segundo a empresária, a atual crise alterou por completo o seu método de trabalho, pois deixou de produzir para estabelecimentos comerciais e para o posto de turismo local, e apenas labora por encomenda.

“As pessoas telefonam e dizem o que querem. No dia seguinte passam e levantam as encomendas”, contou, adiantando que também está disponível para enviar pedidos, por correio, para outras zonas do país.

Maria da Conceição Dias mostra-se preocupada com o futuro do negócio familiar, uma vez que os seus produtos, com destaque para as cavacas, são muito vendidos nas feiras que acontecem anualmente na região da Guarda.

“No próximo domingo já tinha uma feira em Castelo Mendo [uma aldeia histórica do concelho de Almeida] e não parava mais até ao final do verão. Agora, como isto está, não se sai para lado nenhum, não se vende nada”, concluiu. Pode comprar as Cavacas de Pinhel AQUI.


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