Cinema português e em português analisado na UBI

Até sábado, divididos pela Covilhã e Fundão, três eventos integrados nas VII Jornadas de Cinema em Português vão chamar a atenção para o trabalho que se faz nos países lusófonos e exibir películas que nunca estiveram no circuito comercial.

Cinco dias, três eventos diferentes, mas todos a colocar em destaque o cinema português e o cinema em português. São as VII Jornadas de Cinema em Português, acompanhadas pelo ciclo “Filmes Proibidos” e o “Projeto Cinema – Alguns Cortes: Censura”, que se dividem pela Universidade da Beira Interior (UBI) e o Fundão. Começaram ontem, terça-feira, e terminam no sábado, dia 8. O programa iniciou-se com o “Projeto Cinema – Alguns Cortes: Censura” e segue hoje com as VII Jornadas e a Oficina de Montagem que tem como dinamizador Manuel Mozos, durante a manhã. As Jornadas começam às 14h00, centrando-se em temas como “As imagens de arquivo enquanto artefactos de memória em Fantasia Lusitana e 48”, ou “Produção, indústria e cinema português”. O calendário de comunicações estende-se até sexta-feira, com especial destaque para a abordagem ao cinema que se faz nos países lusófonos. “Há comunicações sobre o cinema brasileiro, moçambicano e de Cabo Verde”, salienta Frederico Lopes, elemento da organização. Exemplo desse enfoque são as conferências intituladas “Cabo Verde: um cinema por vir” ou “A Autoria na produção audiovisual lusófona”, entre outras.

DIFUNDIR CULTURA FORA DA COVILHÃ
Se as Jornadas estão a decorrer maioritariamente na UBI, com uma incursão, sexta-feira à Moagem, no Fundão, o “Filmes Proibidos” passa nesta cidade. Uma divisão que resulta de uma dificuldade que é, simultaneamente, uma oportunidade, como explica Frederico Lopes: “Lamentamos que ainda não haja condições na Covilhã para fazer o mesmo que conseguimos fazer na Moagem, mas também faz parte de um protocolo que temos com a Câmara do Fundão. É um equipamento soberbo, de maneira que nós vamos aproveitar isso. Para nós é um pouco mais complicado, porque levar os alunos daqui ao Fundão é mais difícil que levá-los a outra zona da Covilhã, mas temos toda a vantagem em intervir a nível cultural não só na nossa cidade, mas também no espaço à volta”. É então na Moagem que se complementa a semana. O projeto que já vem do ano passado apresenta filmes proibidos pela censura antes do 25 de Abril de 1974 ou que, por outras razões, nunca chegaram a entrar no circuito comercial. “Esplendor Selvagem”, de António Sousa, dá início ao ciclo, na Moagem, depois da apresentação do programa, a cargo de Manuel Mozos, às 21h30. Segue-se, amanhã, “As Horas de Maria”, de António Macedo. “O Desejado ou As Montanhas da Lua”, de Paulo Rocha, é apresentado sexta-feira. No mesmo dia, pode ainda ser visto “Mudas Mudanças”. O encerramento do ciclo, no sábado, tem no programa “Uma Rapariga no Verão”, da autoria de Vítor Gonçalves. Para esta edição foram selecionadas películas que irão contar com a presença em sala do realizador, sempre que possível, e de um convidado que irá comentar o filme.

PROTOCOLOS BENÉFICOS
As atividades desta semana são organizadas no âmbito do Departamento de Comunicação e Artes, em parceria com a Associação Luzlinar, Cinemateca Portuguesa e A Moagem – Câmara Municipal do Fundão. De acordo com Frederico Lopes, este modelo tem vantagens no enriquecimento dos ciclos. Com a Luzlinar, sedeada na Beira Alta, já há trabalho feito na organização da edição anterior de “Filmes Proibidos” e “Encontros Cinematográficos”. “O protocolo celebrado com a Luzlinar também serviu para intensificar as nossas relações com a Cinemateca, que já tínhamos celebrado ainda no tempo de Bernard da Costa”, explica Frederico Lopes, lembrando a presença na UBI, nesta altura, de figuras destacadas da instituição a intervir nas jornadas.   “Hoje, [ontem] vimos um filme de montagem que só teve ainda exibição na Cinemateca. Amanhã [hoje] pode ser visto um inédito que teve estreia na semana passada na Cinemateca. São oportunidades que muito apreciamos porque são um óptimo complemento para os nossos alunos do curso de Cinema”, conclui o docente da UBI.


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