O presidente da Câmara da Covilhã classificou este sábado a ligação ferroviária entre a Covilhã e a Guarda como «a linha da vergonha do Estado português».
O autarca falava numa marcha de protesto organizada pelo município contra a suspensão das obras e da circulação naquele troço. No protesto participaram algumas dezenas de pessoas que partiram da estação da cidade pelas 10 horas e caminharam durante alguns quilómetros por entre os carris. Os comboios deixaram de circular entre a Covilhã e a Guarda em fevereiro de 2009 para renovação da via com 40 quilómetros, mas depois de investidos 7,5 milhões de euros faltou dinheiro para concluir os trabalhos e o mato tomou conta do percurso. Situação que leva o autarca a classificar o troço como «a linha da vergonha do Estado português», considerando a situação como «um atentado à economia nacional» e «um desperdício de dinheiros públicos». Carlos Pinto considera inimaginável que, no contexto europeu, duas cidades como a Covilhã e a Guarda não estejam ligadas por ferrovia e que não seja considerada a importância da ligação como a alternativa para ligar o país ao resto da Europa. Hoje, da Covilhã, partem apenas composições em direção a sul. Pinto Pires, membro fundador da Associação de Amigos da Linha da Beira Baixa, juntou-se à caminhada para defender a reabertura da linha até à Guarda e a criação de comboios que aproveitem o mercado universitário e outros que todas as semanas circulam entre a Covilhã, o norte do país e Coimbra. «O antigo comboio académico era um sucesso: tinha quatro carruagens e circulava lotado», recordou. Durante a caminhada de sábado, Carlos Pinto reivindicou a conclusão das obras até à Guarda com verbas do próximo quadro comunitário de apoio, até 2020, pedindo a duplicação da via «para que se possa captar passageiros e tornar a ferrovia como [uma ligação] estruturante». O autarca queixou-se ainda de o Governo nada dizer sobre o assunto e de o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, «parecer ter apenas como missão única tratar da redução de custos na Carris e no Metro». Em resposta a questões colocadas pela agência Lusa, fonte do Ministério da Economia, do qual depende a Secretaria de Estado dos Transportes, referiu na sexta-feira que a REFER deverá concluir as obras de renovação da linha «em momento oportuno e assim que assegurado o necessário financiamento». Segundo a mesma fonte, no troço Covilhã – Guarda o montante de investimento já realizado desde 2009 é de 7,5 milhões de euros, sem contabilizar os custos de estudos, projetos e fiscalização.