Câmara do Sabugal vai fornecer água aos agricultores do concelho afetados pela seca

A Câmara Municipal do Sabugal, no distrito da Guarda, anunciou na passada sexta-feira que vai tomar medidas para auxiliar os agricultores do concelho que estão com problemas no fornecimento de água aos animais devido aos efeitos da seca.

O vereador Vítor Proença, com o pelouro da proteção civil, disse à agência Lusa que a autarquia do Sabugal tem conhecimento de explorações pecuárias de bovinos afetadas pela escassez de água nas localidades de Batocas, Aldeia da Ribeira, Vilar Maior e Aldeia da Ponte.

“Durante a próxima semana vamos [Câmara Municipal] fazer um levantamento das captações de água que temos inativas, no sentido de as pôr a funcionar, para abastecimento de água aos animais das explorações agrícolas”, disse.

Segundo o autarca, o município indicará posteriormente aos agricultores quais os locais onde se poderão dirigir e abastecer as cisternas.

“Vamos tentar minimizar a situação e auxiliar os agricultores com algum apoio no abastecimento de água”, rematou Vítor Proença.

Uma fonte da Associação de Criadores de Ruminantes do Concelho da Guarda (Acriguarda), contactada hoje pela Lusa, disse que a instituição tem conhecimento de que na região “muitas charcas e poços já não têm água”, estando alguns agricultores a utilizar furos para o abeberamento dos animais.

“Estamos a 07 de julho, no começo de verão, ainda temos muito pela frente. Poderá haver alguns casos muito complicados não só no concelho, mas em determinadas zonas do distrito em que a seca é ainda mais agreste”, vaticina.

Ainda de acordo com a fonte da Acriguarda, os agricultores da região “há muito que se queixam da seca, começando por uma produção de forragens, palhas e grãos de cereal (centeio e aveia) inferior a 50% relativamente ao ano anterior”.

O Governo vai ativar de imediato a Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Efeitos da Seca, criada há cerca de um mês, tendo em conta a situação de seca no país e os níveis baixos das barragens, disse à TSF o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins.

No final de junho, cerca de 80% do território estava em seca severa ou extrema e 18 das 60 barragens do continente iniciaram o verão com menos de metade da água que conseguem armazenar.

De acordo com a TSF, vários concelhos do Alentejo e da Beira Interior podem chegar a agosto sem água para a população e, como tal, o Governo quer que nas autarquias mais afetadas se comecem a procurar ou reativar antigos furos de água que substituam o abastecimento que atualmente é feito, mas também que os municípios parem de regar espaços verdes.

Segundo o boletim climatológico de junho, no final do mês passado cerca de 80% do território estava em seca severa (72,3%) ou extrema (7,3%).

Depois de um inverno com pouca chuva, a primavera também foi muito quente, seca e com uma chuva que apenas correspondeu a 75% do valor médio histórico para estes meses do ano.

A primavera deste ano foi a terceira mais quente desde 1931, revela o último boletim climatológico sazonal do IPMA, que dá conta de um aumento significativo da seca, especialmente nas regiões do Norte e Centro do continente.


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