Autarca de Foz Côa aguarda “com ansiedade” troço ferroviário entre Pocinho e Barca d’Alva

O presidente da Câmara de Foz Côa, João Paulo Sousa, disse esta quinta-feira que vai aguardar “com expectativa e ansiedade” que seja “uma realidade” a reabertura da linha ferroviária do Douro entre o Pocinho e Barca d’ Alva.

Em declarações à Lusa, o autarca reagiu às afirmações da ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, que afirmou, na terça-feira, que a reativação da Linha do Douro até Barca d’Alva, distrito da Guarda, “é um desígnio deste território que vai ser concretizado”.

“Vamos agora aguardar com expectativa e ansiedade que isto seja uma realidade, porque é isso que todos nós queremos para o território”, frisou João Paulo Sousa.

Para o autarca social-democrata, terá de haver definições concretas sobre a reabertura ou não do troço de linha férrea que liga as estações do Pocinho, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, e Barca d´Alva, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda.

“De momento, a empresa Infraestrutura de Portugal (IP) está a fazer um relatório que será apresentado em fevereiro de 2022, em que estão em análise algumas evidências sobre este troço da via do Douro. O que me parece importante neste momento é haver essa vontade política. Constituem-se demasiadas comissões e fazem-se demasiados estudos e nunca percebemos se há vontade em reabrir este troço da linha”, disse João Paulo Sousa.

O autarca de Vila Nova de Foz Côa acrescentou: ” é preciso saber se o ministro da Infraestrutura, Pedro Nuno Santos, e o primeiro-ministro, António Costa, têm a coragem de dizer assim: é vontade nossa reabrir e troço de linha, para que assim a proclamada coesão territorial seja uma evidência”.

João Paulo Sousa adiantou ainda que os governos regionais espanhóis fronteiriços com este território [Castela e Leão] também se mostram interessados na reabertura deste troço entre o Pocinho e Barca d’Alva, com consequente ligação para a região de Salamanca.

“Estamos a tentar fazer alguns contactos para ver se o Governo espanhol também está interessado na abertura deste troço de linha. Contudo, os governos regionais estão interessados, devido ao desenvolvimento transfronteiriço, o que seria uma mais-valia para esta região da Península Ibérica”, frisou.

Para João Paulo Sousa, “é importante unir os concelhos que estão a montante no Douro Superior e unir os 19 municípios que integram a Comunidade Intermunicipal (CIM) Douro”.

Seja qual for o próximo governo, disse, “terá de dar prioridade” a este troço da Linha do Douro.

Em maio de 2021 foi formalizado o grupo de trabalho que vai estudar e definir o modelo de reabertura do troço da Linha do Douro entre o Pocinho e Barca d’Alva, devendo apresentar as conclusões em 14 meses, e no qual faz parte o autarca de Vila Nova de Foz Côa.

Para a concretização deste projeto esperam-se fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Este troço de linha, de cerca de 30 quilómetros, foi construído em 1887, foi uma das grandes obras de engenharia ferroviária da Península Ibérica e funcionou quase um século, tendo encerrado em 1985.


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