João Pedro Dias usou caderno de GNR para dar pistas falsas

Depois de ter abatido o GNR Carlos Caetano, na madrugada de 11 de outubro, João Pedro Dias (“Piloto”) usou um caderno do guarda, onde este guardava identificações de matrículas suspeitas, para despistar as autoridades.

Assim, forçou o outro GNR a comunicar essas matrículas à central, antes de o balear, na tentativa de desviar atenções da sua própria viatura.

Carlos Caetano era um militar zeloso e sempre que via uma viatura suspeita apontava a matrícula num caderno colocado no carro-patrulha. Depois de matar o GNR, Pedro Dias passou a madrugada a tentar apagar vestígios desse primeiro crime e a preparar a fuga. Por isso, quando estava no carro-patrulha com o GNR sobrevivente, António Ferreira, exigiu-lhe que fosse pedindo informações sobre várias matrículas que encontrara no caderno de Carlos Caetano e que eram de carros de pessoas da zona suspeitas de crimes.

Quando achou que já não precisava de despistar mais a sua própria identidade, “Piloto” baleou António Ferreira, que seria uma testemunha comprometedora. Só que ele sobreviveu e conseguiu denunciá-lo.

Antes, Pedro Dias perguntou ao GNR sobrevivente quantos guardas estavam no posto de Aguiar da Beira. Tudo indica que ali quereria “apagar” indícios da sua implicação no homicídio e ir ao posto matar o GNR que, antes, via rádio, avisara os colegas para terem cuidado com o homem mais procurado do país, porque ele “andava armado”. Só que António Ferreira mentiu-lhe para proteger o colega do posto. Disse que estavam cinco guardas e que o edifício tinha um sistema de videovigilância ligado à sala de situação da GNR.

Patrulhas nas estradas

Terça-feira, a GNR reforçou a presença nas estradas de Sabrosa e Vila Real, concelhos por onde o fugitivo terá andado nos últimos dias, com patrulhas e viaturas descaracterizadas. A última pista está ligada ao furto de um jipe de uma quinta em Celeirós do Douro, Sabrosa, que se suspeita possa ter sido cometido pelo homicida de Aguiar da Beira. Porém, em Sabrosa, há quem acredite que o desaparecimento desta viatura é “apenas mais um furto”. “Nos últimos tempos, têm desaparecido muitas carrinhas de uso agrícola nesta zona. Quem nos diz que não foi alguém a aproveitar-se da situação?”, questiona Alberto Dias, agricultor de Sabrosa.

PJ acredita que tem ajuda

O diretor-adjunto da PJ disse ontem à noite estar convencido de que Pedro Dias ainda se encontra na zona de Vila Real. Na RTP, Pedro Carmo admitiu porém “não ser possível saber se já se ausentou daquela região ou mesmo do país”.

Aquele responsável destacou que, após os crimes de Aguiar da Beira, “foram acionados imediatamente todos os mecanismos de alerta e cooperação internacionais, em especial com Espanha”, e não excluiu a hipótese de Pedro Dias estar a ser ajudado por terceiros, o que, assumiu, “dificulta a nossa ação”. Pedro Carmo recordou ainda que o fugitivo estará numa vasta área, com cerca de 40 quilómetros de diâmetro, “pouco povoada, com muitas zonas florestais e caminhos difíceis”.


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