Associação Geopark Estrela faz levantamento dos locais de interesse geológico afetados

Serra da Estrela

O fogo que atingiu a Serra da Estrela “dizimou recursos humanos, biodiversidade, geodiversidade e, obviamente, que altera também, em muito, a imagem que a serra tem”.

A Associação Geopark Estrela está a fazer o levantamento dos locais de interesse geológico da Serra da Estrela que foram afetados pelos incêndios dos dias 15 e 16, anunciou hoje o seu coordenador executivo.

Segundo Emanuel de Castro, alguns elementos da equipa técnica da associação estão desde quarta-feira no terreno “a começar a fazer o levantamento das áreas ardidas e dos locais de interesse geológico que foram afetados” pelas chamas.

O responsável explicou hoje à agência Lusa que o levantamento servirá “para que se possa fazer uma cartografia dessa área [atingida pelo fogo] e que se consiga, no fundo, mitigar o efeito que os incêndios tiveram nesse património e perceber qual é o nível de impacto que teve na candidatura” da Serra da Estrela a Geopark Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

A associação, que tem sede na Guarda, tem uma “preocupação acrescida” pela situação dos incêndios na área da Serra da Estrela, tendo manifestado junto dos autarcas dos territórios mais atingidos – Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital – a sua solidariedade e o “total comprometimento” com a fase de reconstrução e de ajuda às populações afetadas.

“Aquilo que aconteceu há uma semana ultrapassou aquilo que era expectável, porque estamos a falar de vidas humanas e de uma área imensa que foi atingida pelos incêndios e, obviamente, que isso tem impacto naquilo que é o património existente e que está nesta candidatura e até no próprio orgulho e na relação de orgulho que as pessoas têm com a serra”, disse Emanuel de Castro.

O responsável sublinha que o fogo que atingiu a Serra da Estrela “dizimou recursos humanos, biodiversidade, geodiversidade e, obviamente, que altera também, em muito, a imagem que a serra tem, porque passa a ter uma componente visual e cénica completamente diferente”.

Referiu que o grande contributo que a associação pode dar é “continuar a trabalhar” para que através da classificação da UNESCO possam ser encontradas “outras alternativas, outros instrumentos e outras ferramentas” para fazer face ao problema dos incêndios.
“Neste momento, a associação está a preparar uma estratégia de colocar a ciência e a educação ao serviço dos problemas concretos das populações”, disse.

A instituição está a preparar um programa científico para que, durante o próximo ano, possa ser criada uma estratégia que consiga perceber os padrões da ocorrência de incêndios na Serra da Estrela e “como as consequências que eles têm possam ser mitigadas”, indicou o dirigente.

A iniciativa envolverá o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Proteção Civil, os municípios e os vários agentes que “trabalham o território”, disse Emanuel de Castro.

A Associação Geopark Estrela vai também dedicar o dia 11 de dezembro, quando se assinala o Dia Internacional da Montanha, à problemática dos incêndios florestais e aos impactos que têm “nos modos de vida, na riqueza e na geodiversidade” da Serra da Estrela.


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