A Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela (ASE) vai promover diligências para que não sejam instalados novos parques eólicos naquela área protegida.
«Estamos já a promover diligências no sentido de alargarmos os apoios para sensibilizar a opinião pública e as instituições que processam a questão das eólicas para que nem mais um aerogerador seja montado na Serra da Estrela», refere o presidente da direção da ASE, no editorial da revista Zimbro, que a ASE agora publica online. O dirigente recorda que «os parques de produção de energia eólica já se encontram na Serra da Estrela em três zonas o que revela o grande interesse dos produtores e das autarquias pela maior montanha do país e a fragilidade das entidades oficiais do ambiente em o evitar». «Dezasseis aerogeradores no concelho de Celorico da Beira, dez na Serra da Alvoaça, sem contar com as da Serra do Açor e quinze nos limites de Famalicão da Serra com Gonçalo. Os presidentes das Câmaras têm vindo a público anunciar muitos mais… podendo a ASE constatar que praticamente todas as linhas de cumeada da Serra da Estrela têm torres para fazer medições do potencial de aproveitamento eólico», acrescenta.
No mesmo texto, José Maria Saraiva, aponta que a Serra da Estrela «mantém alguns dos problemas que temos denunciado desde sempre, tendo outros surgido a par da evolução da nossa sociedade». «Sem resolver a questão da estrada que rasga o Planalto Superior, a região não desenvolve o turismo nem salvaguarda o Património Natural da Serra. Já ficaríamos satisfeitos se as três autarquias – Covilhã, Manteigas e Seia, se sentassem para estudar a questão e mandassem elaborar um estudo independente para apurar as vantagens e desvantagens para a região com a estrada fechada e aberta entre a Nave de S. António e a Lagoa Comprida», refere. Uma outra questão que irá preocupar e «fazer redobrar a atenção» da ASE, «são as notícias sobre a liberalização da plantação de eucaliptos». «Independentemente do impacte que tal política vai provocar na biodiversidade e na redução da mancha da floresta autóctone, as consequências para um maior risco de incêndio e a ampliação da área ardida parece estar a escapar aos responsáveis por tamanha insensatez. É muito triste ter de dizer que a crise económica que o país atravessa nos está a dar tréguas para preparar melhor a acção para combater tais medidas, quando o que gostaríamos de ver era os cidadãos a viver melhor e a classe governante mais sensível para o património natural e a adoção das medidas mais adequadas, para assegurar um desenvolvimento mais sustentado para a sua preservação», escreve José Maria Saraiva, no editorial da Zimbro.
A revista da ASE Zimbro começou, «nos primórdios da associação por ser um policopiado em stencil, depois foi evoluindo para revista, com altos e baixos, com alterações na periodicidade e até na interrupção», lembra o dirigente. A publicação surgiu agora em formato digital e será publicada «sem obedecer a períodos fixos». «Surgirá quando as circunstâncias o justificarem e, a rede de colaboradores, for mais ampliada melhorando a diversidade de opinião», segundo o diretor.