"Aplicação de fundos não contribui para o desenvolvimento económico" diz Mário Raposo

“A aplicação dos fundos estruturais dos últimos três quadros comunitários não trouxe qualquer impacto ao desenvolvimento da economia regional”, a afirmação foi feita pelo vice reitor da UBI no fórum organizado pelo conselho empresarial das Beiras e Serra da Estrela que decorreu na Guarda.

Mário Raposo sustenta que mesmo ao nível do PIB regional, os valores do produto interno bruto diminuíram apesar dos investimentos realizados “o PIB passou de 84,3 para 82,2; onde é que está aqui o impacto dos fundos estruturais dos últimos três quadros comunitários na economia da região?” interrogou o docente “não houve, nós nem nos aproximámos em nada da média nacional e por isso há aqui um problema estrutural que é preciso ultrapassar; isto quer dizer que muito do investimento que foi feito ao nível dos programas estruturais não teve qualquer replicação na economia; por exemplo é muito importante recuperar os nossos monumentos mas depois disso eles tem que ter turistas a visitá-los, mas onde é que eles estão? Alguém disse aos turistas que os monumentos foram recuperados? Por isso não basta recuperar, é preciso também vender a imagem”.

O vice reitor da UBI alerta ainda para o reduzido investimento feito em áreas como a investigação e a transferência de conhecimento para as empresas que tem contribuído para que a Beira Interior tenha os piores índices de produtividade no trabalho em todo o quadro nacional “nós somos a pior região do país ao nível da produtividade do trabalho mas esse problema não está do lado dos trabalhadores mas sim do lado da organização porque a produtividade hoje mede-se em valor e o valor tem a ver com aquilo que acrescentamos às empresas; por isso temos por um lado que lhes acrescentar inovação que permita aumentar o valor dos produtos no mercado e por outro lado os intangíveis e por isso, na minha opinião, os quadros comunitários tem de ser dirigidos para ai”.

O reforço da aposta na internacionalização dos produtos é uma das chaves que pode contribuir para o desenvolvimento económico da região. Mas para isso, sustenta Mário Raposo  que os apoios às empresas tem de ser prestados em diferentes áreas: “não se pode pedir a uma pequena empresa que vá lá para fora exportar de peito aberto porque ela precisa de ser apoiada; para conquistar os mercados internacionais é preciso marketing, criar imagem e novos modelos de distribuição e isto também tem de ser apoiado pelos quadros comunitários”.

Num estudo apresentado neste fórum, Mário Raposo apresentou ainda vários indicadores que apontam para um decréscimo de população na Beira Interior que se tem agravado desde o ano 2000. O indicador mais positivo é que o índice da taxa de desemprego é inferior ao da média nacional.


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