Incêndios, pragas e alterações climáticas são, para as associações ambientalistas, as principais ameaças à floresta, que ocupa 40 por cento do território português. Alertar para estes perigos é o objectivo do Ano Internacional das Florestas, que começou no sábado.
As Nações Unidas escolheram 2011 para o Ano Internacional das Florestas. Em Portugal, será a Comissão Nacional da UNESCO que vai dinamizar a comemoração, em articulação com a Secretaria de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural.
O objectivo é a promoção da conservação das florestas em todo o mundo, tal como a sensibilização da população para o papel que as florestas desempenham no desenvolvimento global sustentável.
O secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Rui Barreiro, explicou à agência Lusa que está a ser preparado um programa para assinalar o Ano e referiu “cinco grandes eventos”, além de outras acções com a participação de vários sectores, como a Educação.
A UNESCO apresenta o Ano em Fevereiro e no início de Janeiro Portugal deverá divulgar o seu programa, ao mesmo tempo que cria um site oficial.
“É importante que tenhamos a noção da importância da floresta, não só da floresta que deve ser protegida e salvaguardada, relacionada com a biodiversidade, mas também com a floresta produtora de riqueza, criadora de emprego, essencial no combate à desertificação”, realçou o secretário de Estado das Florestas. Portugal tem quase 40 por cento do território como área florestal o que, no contexto europeu, é “significativo”, segundo Rui Barreiro.
“Temos um potencial enorme para produzir floresta, que actualmente é responsável por quase 12 por cento das exportações portuguesas”, acrescentou.
O governante apontou alguns problemas da floresta portuguesa, como aqueles relacionados com os incêndios, as questões fitossanitárias, a existência de uma dimensão de propriedade “relativamente reduzida” e algum abandono do interior do país. Para as associações ambientalistas, o Ano Internacional é mais uma oportunidade para avançar na resolução dos problemas da floresta portuguesa, como os incêndios, a expansão de pragas, a falta de um cadastro, para saber que árvores existem onde e quem são os proprietários, ou a preparação para as alterações climáticas.
A destruição das florestas pelos incêndios é a ameaça referida por Domingos Patacho, da Quercus e pela presidente da Liga Para a Protecção da Natureza (LPN), Alexandra Cunha.
A Quercus salientou a expansão das pragas, como o nemátodo da madeira do pinheiro, e a necessidade de melhorar o ordenamento do território, com a promoção de “uma floresta multifuncional, com mais espécies adaptadas ao clima e aos solos, como sobreiros, azinheiros ou freixo”.
A LPN espera que o Ano Internacional das Florestas chame a atenção para os problemas da floresta portuguesa. Um deles é a falta de cadastro, pois “não se sabe que floresta há, onde e a quem pertence” e “só é possível fazer uma boa gestão da floresta tendo essa informação”.
O técnico da Quercus discorda e salienta que “não é por falta de cadastro actualizado que a floresta não é mais bem gerida”. Os dois ambientalistas juntam-se na expectativa de que o Ano Internacional das Florestas ajude a alertar a sociedade para a necessidade de manter um ecossistema essencial para o planeta e para a vida humana.