Alunos da UBI procuram apoios para luva elogiada em concurso da Microsoft

Nuada é o nome do projeto que três alunos da UBI e um do ISCTE desenvolveram e candidataram ao Imagine Cup. O protótipo procura aumentar a capacidade da mão de idosos ou de pessoas com problemas nos membros superiores.

Aumentar a capacidade da mão, usando apenas uma luva especial. Esta é a descrição genérica do projeto Nuada, desenvolvido por três alunos da Universidade da Beira Interior (UBI) e um do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Desde que foi patenteado – em janeiro deste ano –, o dispositivo tem tido reconhecimento, como se viu com a ida à final mundial do concurso organizado pela Microsoft, o Imagine Cup. A equipa The Dians não subiu ao pódio, na última fase da competição que se disputou em Seattle, nos Estados Unidos, a 1 de agosto, mas recebeu elogios e incentivos para continuar a desenvolver a ideia. Motivo para que, nesta altura, o grupo procure investidores para fazer chegar o produto ao mercado. A ideia para o sistema surgiu quando Filipe Quinaz partiu a mão e conheceu dificuldades durante a recuperação. A necessidade do produto ficou mais clara quando um idoso da família sentiu dificuldades de manuseamento de objetos. Juntamente com Pedro Querido, aluno a frequentar Engenharia Informática, Luciana Alegre, de Design Industrial, ambos da UBI, e Pedro Quinaz, a trabalhar no Branco Central Europeu e aluno do ISCTE, desenvolveram a luva que venceu as finais nacional e europeia do Imagine Cup. O projeto Nuada contou com o “mentor”, como lhe chama Filipe Quinaz, Simão Sousa, docente do Departamento de Informática da UBI, e o apoio do docente Pedro Araújo e Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira. “O sistema é para pessoas que, de alguma forma, não têm força suficiente na mão para as atividades diárias”, explica Filipe Quinaz sobre a Nuada, que é desenvolvida para pessoas idosas, com artrite ou que sofreram um AVC, mas também profissionais com tarefas repetitivas que precisem de um desempenho adicional da mão ou desportistas. De resto, o grupo foi contactado por equipas profissionais de caiaque “para testarem a luva e treinarem os seus atletas”, acrescenta o Engenheiro Informático a fazer doutoramento em Biomedicina.

LUVA COM VÁRIAS VALÊNCIAS
A luva compreende vários modelos. Do mais simples, que permite agarrar os objetos fazendo menos força, até ao mais complexo, com sensores que recolhem dados acerca da mão e os envia para um site da Internet ou para um smartphone. Depois da participação no Imagine Cup e os elogios recebidos do júri – “disseram-nos que o projeto vai certamente para a frente”, conta Filipe Quinaz –, a equipa procura apoios para a concretização comercial da luva que poderá, “só na área da saúde, ter um mercado enorme na qualidade de vida e recuperação das pessoas”. Já se estabeleceram contactos com pessoas interessadas em investir e Filipe Quinaz avança com a intenção de participar em programas de aceleração como o InvestBraga – Agência para a Dinamização Económica. “Vamos focar-nos agora no desenvolvimento do plano de negócio para que potenciais investidores possam conhecer a nossa estratégia, que já temos, mas é preciso trabalhá-la mais”, refere o elemento dos The Dians, que considera a luva um investimento que pode ser de sucesso: “Se tivermos uma parceria com uma empresa que já tenha toda a capacidade de manufatura do produto e de desenvolvimento do protótipo numa fase inicial, o investimento é baixo. Com 150 mil euros podemos melhorá-lo e adaptar a linha de produção. Uma das vantagens é ser ‘low tech’. O que nós usamos foi material muito simples, mas de forma inteligente”.

AMBIENTE DA UBI INCENTIVA DESENVOLVIMENTO DE IDEIAS
Apesar do projeto ter sido desenvolvido à margem dos projetos académicos destes alunos no seio da UBI, o estudante de doutoramento admite que o ambiente da academia incentiva ao desenvolvimento de ideias. “Acho que uma das vantagens da UBI é que tem uma espécie de clima empresarial. Na prática é uma universidade que nos incentiva. Enquanto nas grandes universidades as empresas vão buscar os alunos aos cursos, como aqui não temos isso, temos que nos desenrascar e acaba por se criar aqui um clima de empreendedorismo jovem, que para a nossa dimensão é rico”, descreve Filipe Quinaz, concluindo: “Vejo aqui uma série de produtos inovadores, pessoas que querem fazer e projetos a avançar”.


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