Adiada para fim de janeiro entrega ao Governo do relatório final sobre os incêndios

Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os incêndios rurais consumiram este ano 110.007 hectares, o valor mais elevado desde 2017, tendo sido o fogo da Serra da Estrela o que registou maior área ardida, com quase 25.000 hectares.

A entrega ao Governo do relatório final sobre os grandes incêndios rurais que deflagraram no verão de 2022 foi adiada de novembro para o fim de janeiro do próximo ano, indicou hoje, dia 29 de novembro, o Ministério da Administração Interna (MAI).


Em setembro, um painel de 30 peritos convidados pelo Governo para fazer a avaliação técnico-científica dos grandes incêndios rurais de 2022 reuniu-se pela primeira vez no MAI e, na altura, ficou decidido que entregariam um relatório no final de novembro aos ministros da Administração Interna e do Ambiente e Ação Climática.


Este relatório, que vai analisar os incêndios que deflagraram este ano e não foram extintos em 90 minutos (10% do total de fogos), vai juntar-se à análise que também está a ser feita pela subcomissão de lições aprendidas da Comissão Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, que integra a orgânica da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), liderada por Tiago Oliveira.


Numa resposta enviada à Lusa, o MAI refere que o coordenador do painel de 30 especialistas, o professor da Universidade do Porto José Manuel Mendonça, solicitou “formalmente um prolongamento do prazo inicialmente fixado”.


O MAI precisa que “este pedido decorre da necessidade de recolha e análise de um volume de informação muito expressivo e acima do que foi inicialmente considerado”.


Nesse sentido, avança que está previsto que o relatório final seja entregue até ao fim de janeiro de 2023, “em tempo que permita ainda considerar, no planeamento do próximo dispositivo, as propostas e recomendações que venham a ser apresentadas”.


Embora o objetivo final seja “ter um processo de lições aprendidas global e integrado, as conclusões deste painel científico serão independentes”, indica o Ministério tutelado por José Luís Carneiro.


O MAI refere ainda que, “no quadro do processo de avaliação em curso, e no que respeita concretamente à componente científica do mesmo, da responsabilidade do painel de peritos constituído para o efeito, o Ministério da Administração Interna tem estado em permanente articulação com o coordenador do painel”.


Os 30 especialistas que estão a avaliar os grandes incêndios desenvolvem “um processo autónomo e independente” e em paralelo ao trabalho que está a ser desenvolvido pela AGIF.


No final, e perante os relatórios do grupo de peritos e da Subcomissão Nacional de Lições Aprendidas da AGIF, a Comissão Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais apreciará a informação e recomendações e conclusões, que enviará ao Governo.


Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os incêndios rurais consumiram este ano 110.007 hectares, o valor mais elevado desde 2017, tendo sido o fogo da Serra da Estrela o que registou maior área ardida, com quase 25.000 hectares.


Em comparação com 2021, a área ardida mais do que triplicou, tendo as chamas consumido este ano mais 82.796 hectares, e os incêndios aumentaram 40%, para um total de 10.449 (mais 2.997).


De acordo com o ICNF, o ano de 2022 apresenta “o quarto valor mais reduzido em número de incêndios e o quinto valor mais elevado de área ardida, desde 2012”.


Além do incêndio da zona da Serra da Estrela, este ano ocorreram também fogos de grande dimensão nos distritos de Vila Real e Leiria.


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